sexta-feira, maio 26, 2006

O tempo

Ultimamente, tenho recibido diferentes mensagens que dizem que cada coisa tem o seu tempo. Nao tenho dúvidas!
Passeando por uma livraria esta semana, um livro se atirou na minha frente. Coincidência? Nao, sincronicidade. Falava sobre o tempo. Tô lendo e nao podia ter chegado em melhor hora.

Hoje, abre a 65ª Feira do Livro de Madrid.

terça-feira, maio 23, 2006

A Alemanha da Copa

A Alemanha está em evidência por esta banda da terra. Como a Copa do Mundo vai acontecer neste país, diariamente os jornais dissertam sobre as idiossincracias do povo alemao. Ontem, fiquei surpresa com o que li. Numa longa matéria sobre as mudanças que a Alemanha está promovendo para a Copa, li que os alemaes finalmente deixavam sua humildade de lado para aderir à confianza, ao otimismo e a à alegria. Fiquei um pouco perplexa. Humildade? Nunca tive esta percepçao dos alemaes. Continuei lendo a matéria. Como nao conseguia sintonizar com o texto, resolvi perguntar a opiniao dos espanhóis que estavam ao meu redor, sobre o povo em questao. Ouvi palavras duras. Quando terminei de ler, estava claríssimo que o autor da matéria era um grande simpatizante da Alemanha e que nao escrevia sobre a realidade que vive este país. Eu, sinceramente, nao tenho absolutamente nada contra a Alemanha. Simplesmente, nao sentia as verdades do texto.

Na minha opiniao, a Alemanha está numa situaçao muito difícil com a chegada da Copa. É lógico que este país vai receber um forte impulso econômico com este momento esportivo mundial, mas, ao mesmo tempo, terá que solucionar situaçoes bastante difíceis - se nao quer ter surpresas desagradáveis.

Penso que o maior problema que a Alemanha terá que enfrentar é o problema da segurança - a dos comuns mortais e a das autoridades que assistirao aos jogos. A assistência será das mais variadas, como em outras Copas. Acontece que existe um grande enfrentamento, agora. O mundo muçulmano continua em pé de guerra com o ocidente. As ameaças sao impressionantes. Eu mesma nao entraria num estádio nem que me pagassem.

O segundo problema da Alemanha é o racismo, esta praga que nao desaparece do mundo contemporâneo e que é especialmente forte e significativa neste país. As associaçoes africanas de Berlim já estao distribuindo uma lista de lugares pouco recomendáveis para os negros. Acontece que os negros nao provêem só da África e que uma grande parte da assistência à Copa será desta cor. Sabemos que os skin-heads representam um real perigo para negros, homossexuais e idosos. Mas nao só os skin-heads - que sao muitos mais do que imaginamos. Uma boa parcela da populaçao é extremamente racista. Este é um problema muito sério. E é aqui que eu sinto que a tal humildade está mais na cabeça do autor da matéria do que na prática. É possível que o tempo tenha diminuido a culpabilidade histórica deste povo, o que é normal, mas daí a falar em humildade há uma grande diferença - é evidente que em nenhuma situaçao se pode generalizar, nem para o bem e nem para o mal. O fato é que o racismo dos alemaes existe e é conhecido mundialmente.

Um terceiro tema complicado, que já está ocorrendo, é a entrada das prostitutas no país. Mais de 40 mil prostitutas deverao entrar na Alemanha até o início da Copa. É o que prevêm os organizadores do mega-evento. O pior é que todos sabem que muitas delas entrarao à força e enganadas, como sempre. Isso, teoricamente, deveria ser terrível para um país desenvolvido como a Alemanha. Mas causa espanto a forma como tratam esta situaçao. Dizem os organizadores que, como o futebol é um esporte predominantemente masculino, ao lado de cada estádio olímpico haverá um grande bordel. Impressionante!

Um quarto problema que deve preocupar muito as altas esferas do governo é a possível discussao sobre os direitos de Israel, tema bastante sensível para o país anfitriao e que está em voga em todo o mundo.

Enfim, o êxito desta grande festa esportiva depende de muitas variáveis. Espero que todos que acudam à Alemanha para assistir aos jogos, nao durmam no ponto. Diversao e cuidado nao sao incompatíveis. O momento histórico nao está para brincadeiras.