sábado, janeiro 28, 2006

Novos ares na Espanha

A imigraçao na Espanha suscita muitas discussoes na Comunidade Européia. Nem todos os países aprovam a política do presidente Zapatero, um socialista supostamente tranquilo e bem intencionado. França e Alemanha, os dois países mais desenvolvidos economicamente, sao os maiores críticos da política social que vem sendo aplicada neste país.
Zapatero legalizou milhares de imigrantes que viviam na Espanha e que trabalhavam ilegalmente neste país. A notícia caiu como uma bomba nos demais países, que exigiam continuar com a política de expulsar os estrangeiros encontrados, mesmo que estes trabalhassem informalmente como garçons, faxineiras, cozinheiros, enfermeiros residenciais, babás, etc... - trabalhos que os europeus se negam a realizar.
Zapatero, desde que assumiu a presidência, argumentava que os imigrantes, ao serem legalizados, contribuiriam para azeitar a economia e o sistema de saúde - entre outras coisas - e que impulsionariam o crescimento do país. Foram semanas e semanas de discussoes acaloradas. Numa atitude corajosa, ele legalizou milhares de imigrantes bolivianos, colombianos, marroquinos, argentinos, venezuelanos, cubanos, peruanos, brasileiros e africanos em geral...e, a partir daí, começou o fenômeno da integraçao oficial das culturas. O presidente nao deu só o canetaço legalizador para este enorme contingente de pessoas. Ele investiu grandes quantidades de dinheiro no setor social, objetivando acomodar esta gente da melhor maneira possível. Obviamente, os da direita - na Espanha - chiaram muito. Continuam chiando.
França e Alemanha também permanecem esbravejando e sentindo-se ameaçadas com o número de imigrantes que passou a ser cidadao europeu - com os mesmos direitos e deveres dos nativos. Com tal legalizaçao, os imigrantes podem se deslocar por toda a Comunidade Européia - e é aí que reside o temor destes dois países. Mas Zapatero seguiu em frente com seu processo de integraçao sociocultural.
Hoje já se vê alguns resultados da decisao de Zapatero. Os imigrantes legalizados contribuem com os importos instituídos por este país e, com isso, movem a economia, a saúde, o comércio, os transportes, as vivendas, o turismo...
Mas a grande surpresa da legalizaçao dos imigrantes, que ninguém discutia naquela época, foi o índice de natalidade. Nos últimos dois anos, para alegria de todos, o índice de natalidade cresceu surpreendentemente. Esta era uma grande preocupaçao dos governantes, porque a Europa tem uma enorme populaçao de velhos e, nos últimos anos, o índice de natalidade tinha caído vertiginosamente.
Como as crianças nao nasciam, as escolas e as universidades estavam fechando. Nos níveis iniciais, tinham cinco ou seis alunos apenas em cada classe. O ensino superior, que é super valorizado no velho continente, estava sofrendo baixas alarmantes. As universidades estavam fechando cursos e deslocando professores, porque o número de alunos que entrava na universidade era dramaticamente pequeno. Neste sentido, as universidades espanholas perceberam que os países da América do Sul eram um filao pouco explorado...e se dedicaram a atrair alunos do terceiro mundo.
Parece evidente que a política de Zapatero trouxe um novo ar a este país envelhecido.
Ainda leio muita crítica à política de imigraçao de Zapatero, mas nao tenho dúvidas que sao reclamaçoes dos puristas - dos que nao aceitam misturar-se com os imigrantes que vêm da América do Sul, porque os consideram inferiores. Esquecem-se que estes países sempre estiveram de braços abertos para os povos da Península Ibérica quando estes necessitaram sobreviver aos momentos de guerra e de fome.

sexta-feira, janeiro 27, 2006

O açoite do tempo e da política

Ando bastante impressionada com o frio exagerado que percorre a Europa neste momento. Minha preocupaçao reside num triste fato: o de que diariamente morre um número muito grande de pessoas. Morrem de frio! Isso realmente me impressiona! Fico me perguntando como isso pode ocorrer nesta época, no século XXI.
Li sobre os motivos da Russia ter cortado o abastecimento de gás natural da Ucrania, e fiquei sem entender. Nao entendo o conflito existente - e muito menos um conflito que mata as pessoas de frio.
O grande exportador de gás natural é a Russia, que envia este gás para toda a Europa. 80% do gás exportado pela Rússia passa dentro dos limites territoriais da Ucrania. Dizem os jornais que este país fez um gato - em nordestês, significa desviar o curso normal. O gato foi detectado, porque países como a Polonia, Hungria e Austria, que dependem energeticamente da Rússia, tiveram um decréscimo acentuado na quantidade de abastecimento.
Ucrania nega o fato e diz que a Rússia quer revanche pela sua participaçao na Revoluçao Laranja. A verdade é que eu nao sei quem tem razao ou deixa de ter. O que realmente me preocupa é a quantidade de mortos que ocorre diariamente nesta onda de frio siberiano.
Fico me perguntando como a Rússia, que é a grande exportadora de gás natural, corta o abastecimento de uma naçao sem pensar na tragédia desta gente, que está vivendo temperaturas inimagináveis? E também me pergunto como na própria Rússia existem regioes que nao sao abastecidas ou nao estao sendo abastecidas? Nao encontro uma explicaçao coerente. Meus neurônios se aceleram em busca de respostas, mas nao encontro nada. Está além de minha compreensao.
A populaçao destes países, além das dificuldades naturais que o inverno rigoroso traz - como rupturas no sistema de canalizaçao provocadas pelo frio intenso, problemas de transporte em geral (estradas, portos, aeroportos fechados...) -, sofre diretamente com os conflitos políticos da área. Os hospitais estao colapsados, refletindo um número assombroso de depressoes, de forte gripes ou pneumonias, e de lesoes causadas pelo frio, pelas quedas e pelas hipotermias. É realmente uma tragédia!
A falta de gás natural afeta diretamente os domicilios, restaurantes, padarias, escolas, lavanderias, hospitais - porque nao se pode cozinhar e porque nao existe serviço de água quente e de calefaçao, entre outras coisas. Ninguém merece ter gás e nao poder usá-lo - seja por divergências políticas ou seja pela precariedade das canalizaçoes.
Eu chorei diante da TV vendo os velhinhos dentro das casas completamente congeladas - tudo vira gelo! -, sem água quente, sem calefaçao e sem gás para cozinhar. Ontem, apareceu uma velhinha, tapando sua irma mais velha que estava na cama, com vários daqueles cobertores de couro que eles usam. Eram vários cobertores para uma mesma pessoa. Senti dor ao perceber a situaçao das senhoras. É muito provável que elas, e milhoes de outras pessoas como elas - indefesas, solitárias e com mais idade - sejam as próximas vítimas do fenômeno meteorológico e político que açoita aquela regiao.

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Tai Chi

Eu sempre gostei de observar as pessoas fazendo Tai Chi. Sao movimentos belíssimos! O Tai Chi combina a respiraçao profunda com a execuçao de uma sequência de posturas corporais que se encadeiam. O movimento é lento e com ele se adquire equilíbrio, flexibilidade, resistência e coordenaçao. É um exercício-arte para todas as idades.
Há alguns anos, resolvi que deveria fazer Tai Chi. Além de gostar muito, recebi o incentivo entusiasmado de meu irmao, Jayme - e ninguém pode avaliar o que significa um incentivo entusiasmado dele! Ele entrou no Tai Chi umas semanas antes de mim. Portanto, quando eu entrei crua, ele já conhecia a sequência de movimentos.
No primeiro dia, cheguei toda tímida e fui para o fundao - como sempre. Comecei a seguir a sequência da melhor forma que podia: quando todos abriam os braços para um lado, eu abria para o outro; quando todos se moviam para um lado, eu me movia para o outro, e sempre apoiando o peso do corpo no pé errado... No final da terceira aula, eu já estava mais corajosa. Neste dia, fiquei na frente do meu irmao. Ele tinha se colocado no fundo. Entao, quando senti que já podia me equilibrar - mal, mas fazendo um grande esforço para me equilibrar em apenas um pé, girando o corpo - ele, que estava atrás de mim, me tocava a coluna levemente...e provocava meu desequilíbrio. Eu ria, de nervosa. As pessoas me olhavam e eu sentia claramente que portava cara de boba - enquanto ele permanecia sério, como se nao soubesse do que se tratava. E voltávamos novamente para o exercício. Quando eu estava conseguindo girar, ele me tocava novamente...e eu começava a rir...um inferno! Passadas umas semanas, ele desistiu, assumindo outro compromisso neste horário. Eu segui algum tempo. Depois desisti também. E hoje me arrependo! Tenho vontade de voltar novamente. Acho que voltarei, aproveitando que estou a 12 mil quilômetros do dedo desestabilizador de meu irmao. Penso que ele fazia isso..... porque "pulou o 5º"! Só pode ser!

Aviso aos navegantes

Swami Joytimayananda, doutor em Medicina Ayuvédica y mestre em yoga, apareceu na TV e nas revistas da Espanha, dizendo que: "aquele que limpa a língua a cada manha, viverá toda a sua vida sem enfermidades."
Segundo este médico, nascido no Sri Lanka, a enfermidade é só um aviso que se rompeu o equilíbrio do corpo.
Portanto, nao esqueçamos de limpar a língua! E nao vale trampa!

Notícia boa

Soube que o Brasil está criando o Instituto Machado de Assis (IMA). Este Instituto vai cumprir objetivos semelhantes aos do Instituto Cervantes (Espanha) e aos do Instituto Camoes (Portugal). No caso do IMA, o objetivo principal é difundir a língua portuguesa - do Brasil - em outros países. É uma iniciativa do Ministério de Relaçoes Exteriores e do Ministério de Educaçao. Muito bom!!!! Na minha opiniao, qualquer iniciativa que sirva ao desenvolvimento de competências comunicativas e que fomente o plurilingüismo é louvável.
Estamos criando condiçoes para levar a língua falada e escrita dentro do Brasil para o exterior, facilitando aos outros países um conhecimento mais profundo e eficaz da nossa língua. Isso é ótimo! Mas ficam umas dúvida na minha cabeça: estamos criando, da mesma forma, condiçoes adequadas para o ensino das línguas estrangeiras em nosso país? Estamos privilegiando da melhor maneira os nosso alunos? Estamos privilegiando igualmente alunos da escola pública e da escola privada no ensino de diferentes línguas estrangeiras? Estamos realmente incentivando nossos alunos a expandir suas experiências lingüísticas para melhorar suas competências comunicativas?
Vou levantar algumas questoes que sao objeto de minha reflexao desde que vim morar aqui, há seis anos. Estas dúvidas me ocorrem porque vejo que a Europa tem um compromisso sério e efetivo com o plurilingüismo. O incentivo constante faz com que os alunos daqui aprendam quatro, cinco, seis idiomas, ou mais. Eu tinha um colega de curso da Finlândia - mais precisamente da Lapônia, embora ele nao fosse o Papai Noel - que falava fluentemente oito idiomas, com 26 anos.
O resultado deste incentivo constante é que se percebe claramente a fluência verbal deles. Raramente vemos alguém titubear, ou buscar um sinônimo, interrompendo a linha de raciocínio. A eloqüência verbal é clara e direta. Eles têm uma competência comunicativa que chama à atençao, em qualquer classe social.
Deste modo, acredito que é o enfoque plurilingüístico que promove tais resultados. Este enfoque expande a experiência lingüística das pessoas nos contextos culturais de cada língua, desde a linguagem familiar até a sociedade em geral. E, obviamente, os individuos nao guardam estas línguas e culturas em compartimentos mentais separados, mas desenvolvem uma competência comunicativa em que contribuem todos os conhecimentos e experiências linguísticas vividas e apreendidas. O somatório de conhecimentos linguísticos e culturais contribui significativamente para melhorar as competências comunicativas de qualquer pessoa.
Neste sentido, nao temos maiores incentivos no Brasil, pois aprendemos a lingua materna e, normalmente, uma outra língua. O ensino de distintas línguas e de outras formas de expressao pode parecer supérfluo quando o país enfrenta tantas crises dramáticas e quando parte da populaçao nao sabe ler e escrever. Mas nao é assim. Este é um pensamento que reduz e minimiza as possibilidades de expansao e de melhora lingüística e comunicativa do nosso povo. O pensamento e a expressao sao a base do desenvolvimento de um país. É na hora de expressar que aparece a riqueza do pensamento e da bagagem lingüística. Na minha opiniao, o desenvolvimento da inteligência lingüística de nossa populaçao nao pode ser considerado como um aspecto secundário. Penso que se o Brasil tem dinheiro e disposiçao para levar a nossa língua para outras culturas - e isso vai representar um grande investimento -, deve igualmente incentivar a superaçao de problemas internos de expansao lingüística e comunicativa.
Para finalizar este raciocínio, acho que talvez os únicos que se beneficiem com este paradigma - o de ter contato com um único idioma estrangeiro -, que na maioria das vezes é o inglês, sao nosso vizinhos ianques. Estes vizinhos nao têm interesse em que os brasileiros conheçam outros idiomas, que pensem melhor e, principalmente, que expressem mais claramente seus sentimentos e suas vivências. Conhecer outros idiomas é sinônimo de entrar em contato e conhecer as culturas européias, e isso pode ser perigoso - dentro da paranóia ianque.
Espero que nossos dirigentes criem políticas educativas adequadas a nossa realidade, que visem prioritariamente ao desenvolvimento da comunicaçao e do entendimento dos brasileiros.

Joaquín Sabina

Na Espanha, existe um cantor/compositor chamado Joaquín Sabina. Ele é um letrista muito bom. Os brasileiros tendem a dizer que ele é da mesma categoria de Chico Buarque, mas eu considero o meu Chico inigualável!
Hoje ouvi uma letra dele, do Joquín Sabina, que dizia assim: "levei 19 dias e 500 noites para te esquecer"...fiquei com esta parte na cabeça. E cantei todo o dia!

O Brasil no exterior

Vou dar um dado estatístico que pode parecer exagero, mas que nao é. 95% dos estrangeiros, quando sabem que sou brasileira, falam dos seguintes temas:
- Cristo Redentor;
- Carnaval (sinônimo de tetas)
- Futebol
- Corrupçao
- Amazonia
Conforme a pessoa, já fico esperando o tema. Penso: este, vai falar no futebol; esta, no Cristo Redentor...os motoristas de táxi e os garçons adoram falar na corrupçao. Ainda tento explicar que o Brasil é muito mais do que isso, que é um país jovem que está tentando acertar o passo, que a Amazonia nao é dos estadunidenses, que nao apenas brincamos o carnaval e jogamos futebol, que somos honestos, que trabalhamos duro, etc...etc..., mas, sinceramente, às vezes dá raiva destes estereótipos do Brasil. Eu faço a minha parte para que mudem o chip, mas nao é fácil. De qualquer forma, eu insisto, falando nas maravilhas que a grande maioria dos estrangeiros desconhece.

Carnavalizando

Vi no JC - Jornal do Commercio (Recife) - que os preparativos para o carnaval já estao avançados. Fiquei surpresa. Já?!? Imagino que as ladeiras de Olinda ouvem os primeiros acordes de sua grande festa democrática - porque tudo acontece na rua, sem clubes privativos. De longe, sinto saudade destes dias de cultura, de arte e de espontaneidade coletiva. As pessoas vivem os dias de momo como autênticos artistas e, principalmente, como protagonistas deste momento.
Os ritmos contagiantes, as fantasias criativas e as incríveis pinturas nos rostos brilham em todos os pontos da cidade. É realmente um carnaval de alto astral.
No sábado, de manha, sai o gigantesco O Galo da Madrugada - que deveria abrir oficialmente o carnaval recifense. Acontece que, nas duas semanas anteriores a esta data, quando se realizam os ensaios dos blocos, nas ruas, os nativos da cidade já começam a viver a festa de momo - antes que chegue a avalanche de turistas. É diversao pura! E tem o ensaio do Lili nem sempre toca flauta, e tem o Bloco da Saudade e tem o Bloco das Ilusoes...e cada noite tem uma festa diferente, nas ruas! Eu sempre digo aos meus amigos que visitem o carnaval de Recife-Olinda, mas que cheguem com duas semanas de antecedência, pois estes sao dias de muita brincadeira e alegria.
Enquanto o Galo da Madrugada concentra recordes de pessoas no Recife, na manha do sábado; em Olinda, sai o bloco Eu acho é pouquinho, das crianças. É um espetáculo de muita beleza! Algumas vezes, evitei a multidao no Recife e fui ver os pequenos, fantasiados, pintados e donos das ladeiras de Olinda. Realmente, incrível! E tudo com muita música, cores e brilhos.
Conto, naturalmente, o início oficial do carnaval, porque o resto hay que vivir. Nao se pode descrever. É indescritível! Inenarrável! Impublicável!

O carnaval de Bilbao, para minha surpresa, também é bom, embora completamente diferente. No Recife, a maioria se fantasia - colocando brilhos e pinturas. Em Bilbao, a maioria se disfarça - de animais (tigrinhos, leoes, gatos, coelhos, jacarés, macacos, girafas, ursos, lagartos...e outros animais irreconhecíveis) e passeiam pela cidade. Dos 0 aos 80 anos. Quase sem música. É um perambular intenso e alegre. A fauna sai toda para a rua. É bastante curioso, porque encontramos famílias inteiras disfarçadas de vacas, ou de macacos ou de girafas...incluindo os avós! Também é bastante colorido. Pelo frio, normalmente os disfarces sao de lâ. Nao deixa de ser interessante, porque este perambular acontece durante a noite toda - até amanhecer o dia. É um dia de encontro das diferentes espécies. Nao tem nada a ver com o carnaval de Recife, mas é bonito também.

O carnaval de Veneza não tem um programa oficial. A festa é feita pelas pessoas e para as pessoas. Estas, usam máscaras para viver um personagem ou uma identidade completamente diferente daquela que vivem durante o resto do ano.
Deste modo, por toda a cidade, multiplicam-se lojas e artesãos de máscaras para todos os gostos e possibilidades financeiras.
O que é verdadeiramente apreciado neste carnaval é o anonimato. É difícil saber se as pessoas que andam pelas ruas sao homens, mulheres, conhecidos, desconhecidos, famosos, pobres, ricos, coloridos....embora se possa perceber quem é criativo e quem nao é. É diferente do carnaval de Recife e de Bilbao, onde, normalmente, se reconhece as pessoas.
O carnaval de Veneza é um carnaval que vive o luxo dos nobres e da realeza do século XVIII. Outra realidade. Para os europeus, uma grande brincadeira e um grande momento; para uma brasileira como eu, admiradora e incentivadora da alegria e da espontaneidade desta festa, o carnaval veneziano é a festa que menos me atrai - sem querer comparar, porque prefiro olhar com olhos que somam, que com olhos que separam e destacam. Talvez nao me atraia, porque nao a sinto tao democrática como o nosso carnaval brasileiro.

Também gostaria de viver o Mardi Gras, de New Orleans; o carnaval de Nothing Hills; o carnaval das Ilhas Canárias, que parece muito com o carnaval do Sambódromo; e muitos outros que devem existir por aí e que eu desconheço.

Algumas mulheres do cenário internacional

É difícil entender porque as mulheres - que sao tao instintivas e práticas - nao ocupam postos mais altos no mundo laboral, empresarial, das administraçoes públicas ou da política. É verdade que algumas ocupam postos importantes, mas, numericamente, esta quantidade nao está de acordo com a demografia.
Entendo as diferenças de interesses e o distinto apego ao poder, mas nao entendo esta matemática de que tudo muda, mas tudo segue igual.
Leio em várias revistas e jornais que cada vez mais as mulheres vao assumindo postos relevantes na sociedade contemporânea. Vejo fotos onde elas aparecem sorridentes e com cara de bem-sucedidas. Mas ainda nao sinto - será que estou equivocada? - que suas atuaçoes sejam efetivamente determinantes nos destinos dos países e dos povos. Se somos metade da humanidade, por que nao estamos dirigindo metade desta humanidade? Por que os homens estao na sua e na nossa metade? Nao me refiro a uma delimitaçao de espaço ou a uma separaçao do gênero masculino, como metades enfrentadas. O que eu me pergunto é por que as mulheres nao estao misturadas com os homens nos momentos de decisoes e na direçao dos países - em igualdade de condiçoes -, enriquecendo as diferentes perspectivas e sendo valorizadas e reconhecidas por suas competências específicas.
Neste sentido, embora eu veja muito distante o tempo em que a visao feminina será tao valorizada e consultada quanto a visao masculina, os poucos sinais de mudança sempre me deixam animada.
Atualmente, leio atentamente e com alegria as notícias sobre a nova administraçao de Ellen Johnson-Sirleaf, da República da Libéria - a primeira mulher presidente na África. Também leio sobre Angela Merkel, no governo da Alemanha. Mais recentemente, sobre Michelle Bachelet, a socialista que passará a dirigir o Chile.
Ontem, no jornal El País, li uma reportagem muito interessante sobre Alicia Muñoz, a mulher que será o braço direito de Evo Morales, o novo presidente da Bolivia. Parece que ela é uma ativista política que defende suas idéias com bastante energia - eu a imagino como Heloisa Helena. Ela, agora, vai dirigir os que a reprimiram durante anos.
Por último, nao poderia deixar de citar a maravilhosa vice-presidente da Espanha, Maria Teresa Fernández de la Vega (que aparece na foto). Esta juíza valenciana é uma mulher brilhante, respeitada por políticos de todos os partidos. Sua aparência frágil contrasta com sua forte personalidade. Infatigável, de firmes convicçoes políticas, ela é séria, rigorosa e perfeccionista, além de progressista, independente, leal, com uma capacidade de trabalho ilimitada e com ânsia de defender as libertades públicas e os direitos fundamentais dos cidadaos.
É super desejável que a influência dessas mulheres do mundo repercuta cada vez mais diretamente no nosso Brasil de anil, e que as brasileiras continuem aumentando sua participaçao e colaboraçao na construçao da sociedade.

Freud, o sábio judeu

A capital austríaca, Viena, vai homenagear o pai das ciências da mente no seu 150º aniversário - isso depois de ignorá-lo durante muitas décadas.
A partir de abril, entre outras coisas, Áustria oferecerá uma retrospectiva de obras da sétima arte que tratam da psicanálise - convertida em argumentos cinematográficos, com trabalhos de Woody Allen, Alfred Hitchcock, David Linch e outros feras.
Grande parte da homenagem estará centrada em obras artísticas, visto que suas teorias tiveram uma notável repercussao no campo da criaçao.
Este país e seus compatriotas tentam reparar os equivocos cometidos durante tantos anos. Na atualidade, ninguém nega que suas explicaçoes sobre a importância do inconsciente, dos sonhos e do uso das palavras, revolucionaram as abordagens psicológicas existentes e formaram a base para a interpretaçao da atividade mental e do comportamento humano.
Na Internet, as páginas que falam em Freud superam as que falam em Mozart - o outro homenageado austríaco, no seu 250º aniversário.

Parando o passado

Inicialmente, eu pretendia fazer uma sequência bem explicada da minha história pessoal e acadêmica. Tal sequência parou no exame de admissao - bem lá atrás!!! A partir daí, fiquei sem saber se escrever sobre o primeiro amor, sobre os bons amigos do ginásio, sobre o tempo de científico, sobre a primeira entrada na universidade...
Enquanto nao vem de dentro a resposta clara e nítida sobre os caminhos e movimentos a contar, comentarei otras cositas....