quinta-feira, janeiro 04, 2007

7 anos de Espanha

Vivo na Espanha há 7 anos. No dia 04 de janeiro de 2000 (7 anos, hoje) cheguei aqui com duas malas e uma tonelada de medos. Sobrevivi e me adaptei.
Minha alma é brasileira (gaúcha-pernambucana), mas já tem um pouquinho da ginga espanhola também. Ainda nao consegui ter a cinturinha das bailarinas flamencas, mas continuo me esforçando.
Os brasileiros que vivem no exterior dizem que vivemos no limbo - nem lá e nem cá. É um sentimento estranho. Bem estranho. Muda o nosso sentido de territorialidade, de pátria,...às vezes temos a sensaçao que estamos fora dos dois países. Ou estamos metade em cada um. Sei lá. É difícil explicar. Mas é assim.

12 comentários:

Telejornalismo Fabico disse...

*


vc parece ter a capacidade de se adaptar em qualquer lugar, thelma.
e isso é tão legal.
guarda aquilo que é tua essência, mas está aberta a novas experiências, saberes, viveres, fazeres.
o que deve tornar a vida melhor, seja em santa mairia, recife, madrid ou cacimbinhas.
parabés por esses sete anos.
e pelos próximos sete que virão, seja lá onde for.



*

Thelma disse...

Xonzinho, tu és um encanto!!! Te gosto muito!

Anónimo disse...

Cacimbinhas é bom, Teu tio avô já andou por lá com Assis Brasil, se resolveres fazer um pouso por lá ,manda lembranças . Felicidades,beijo,Paulo

Luiz Felipe Botelho disse...

Sete anos é uma data que soa muito bem!
Acho que dá para entender esse estranhamento, Thelma. Estar longe da nossa terra e precisar se readaptar num lugar novo parece que nos leva a buscar referências lá dentro da alma para nos manter inteiros no novo contexto. E aí a gente descobre aos poucos que, na realidade, somos cidadãos de qualquer lugar, porque não é o lugar onde vivemos que nos referencia, mas aquilo que somos em nós mesmos e que se projeta para dialogar com o mundo.
Acho que o espírito é cidadão do Universo mesmo. Não teria sentido ser de outro modo. É o corpo e as memórias que ele guarda que, eventualmente, parece nos dar a ilusão de que somos parte deste ou daquele lugar que aprendemos à amar e ao qual nos identificamos.
Beijo grande e parabéns à ti e à Espanha por estar contigo!

Anónimo disse...

thelma, é assim, sim... mezzo daqui mezzo de lá e cada dia menos de lugar nenhum... besito

Rosamaria disse...

Concordo com o Felipe, Thelma!
Somos cidadãos do lugar onde vivemos, embora não seja fácil o começo.

Parabéns, guria, que continues te dando bem aí, consigas a cintura das bailarinas espanholas, mas não esqueças de vir passar os 6 meses comigo.

Bjs.

Ana disse...

Alma Cigana...

Não deixa de ser um privilégio viver no "limbo"!! Esta estranheza só pode sentir quem teve coragem de se aventurar!

Gosto disso, "Prenda Minha"!!

Marcia disse...

tantas vezes penso nisso. em como na verdade estamos à deriva, uns mais, outros menos. e sei que as diferenças culturais têm o lado bom e o lado ruim: é tão bom viver coisas novas e entender que as pessoas se expressam de modos diversos, e é tão ruim de repente fazer algo (querer significar algo) que para os outros não tem sentido.

e fico pensando que a linguagem é um entrave, ou um desafio permanente, pois nem sempre se consegue expressar com precisão o que gostaríamos apenas porque não temos o domínio completo de como dizer o que queremos dizer. porém, não é sempre assim, na nossa língua materna ou em outra?

eu, é claro, admiro imensamente este teu desapego e a busca por algo maior. sete anos não é pra qualquer um. nada de novo, pois você nunca foi qualquer uma.

Thelma disse...

Sean, percebo que eu tenho, sim, uma grande capacidade de adaptaçao. Sou aberta e, ao mesmo tempo, movida por uma enorme curiosidade. Este é o motor que me impulsiona e que me faz viver situaçoes distintas dos referenciais geográficos e afetivo/familiares da primeira (e segunda... e terceira...) fase da minha vida. Mas quando os momentos ficam mais complicados, por qualquer motivo, e o mundo me parece menos colorido, sinto uma saudade enorme do nosso país. E um forte desejo de estar sob o céu anil do nosso Brasil. Ilusao ou nao, natural ou nao, é bom saber que eu poderei voltar e (re)viver as minhas origens e as lembranças da minha pele....e te encontrar...e tomar um banho de chuva contigo (onde nao tenha árvores)....e conversar....e rir. Bom demais!!!! Aqui tb chove, viu?!? Afagos na alma, bunitinhu!

Paulo, Cacimbinhas ou qualquer outro lugar...o importante é estar bem. Nénao?

Felipe, concordo que o espírito é cidadão do Universo. As barreiras ou fronteiras sao colocadas por nós mesmos.
Meus 7 anos na Espanha reforçaram minha brasilidade, e jamais impediram que eu vivesse as coisas do mundo. Ao contrário.
Ter vivido em Santa Maria, Capao da Canoa, Porto Alegre e Recife, me abriu para as peculiaridades e diversidades brasileiras - que nao sao poucas! - e para a maravilha de ir descobrindo as pessoas, os lugares e os costumes. Com isso, percebo que tb me abri para viver outras histórias - nada brasileiras.
Atualmente, tento vincular a beleza, a força e a cor da minha brasilidade, com a beleza, a força e a cor de outras nacionalidades/pessoas/lugares.
E vamos ver para onde o futuro me leva. Talvez nem Espanha e nem Brasil...estou aberta!
Parece que o sentimento de estar no "limbo" é comum aos que vivem fora. Entao, o melhor é se acostumar e viver plenamente todos os momentos que se apresentam.
Felipe, querido, desejo estar ao teu lado, algum dia, nesta magnífica cidade que é Salvador. Ou te ter aqui.
Um super abraço.

Anlene, tu sabes bem o significado de estar no "limbo", da sensaçao maravilhosa de estar lá, da boa sensaçao tb de estar aqui. Tu vives o mesmo e sabes melhor do que ninguém do que estou falando.
Depois do dia 20, tomaremos o café tao prometido. Prometido!

Rosamaria, faz 30 anos que eu me esforço para ter uma cinturinha de bailarina....mas cada dia me distancio mais do meu sonho!!!! Por razoes que eu desconheço (e que certamente nao têm nada a ver com a gastronomia e os vinhos), minha cintura cresce para fora. Um defeito físico e mental. Hoje, sou uma senhora gorda pressionada constantemente pelo desejo de comer e beber bem. Triste, sim. E pouco saudável. E pouco espiritual.
Meus planos sao de passar no mínimo 6 meses na tua casa, provando todas as maravilhas que tu fazes. Sem dúvidas! Obrigada por reforçar o convite!!!! Bjs.

Anazen, por onde andas? Que caminhos percorres em tuas horas? Sim, eu sou uma prenda...e tb uma Maria Bonita...e uma bailarina flamenca...e hoje, particularmente, vivo meu momento de faxineira...tenho um super talento com o aspirador!
Bjs.

Marcia, a expressao de nossos sentimentos ou percepçoes em outra(s) língua(s) é absurdamente frustrante, nos primeiros tempos. Nos faltam palavras. Temos a sensaçao que somos infantis em nossa expressao. Muitas vezes, quando queremos opinar ou contar alguma de nossas vivências, sentimos o peso da limitaçao vocabular - o que nos faz perder a graça e as ganas...
A verdade é que parecemos bobos e pouco inteligentes com a limitaçao vocabular. E isso influi bastante em nosso cotidiano. No início, realmente é um entrave; depois, passa a ser um desafio permanente.
Ninguém aguenta nao conversar.
Espero te abraçar neste ano, aqui!!!! Bjs.

Anónimo disse...

Olá !!
Encontrei seu blog através não sei de onde..ehehe....esqueci!
Gostei de suas palavras....estive fora por pouco tempo, mas senti desta forma exata..:"sentimento estranho"..
abçs

Luiz Felipe Botelho disse...

Superabraço pra ti também, Thelma.
E que a gente possa se encontrar, sim. Aqui, aí ou onde o mais o limbo revelar.

Rosamaria disse...

Venha, Cidadã do Mundo! cà te espero!
Bjs.