sábado, março 18, 2006

Direitos legítimos

Ontem, vivemos um dia de discussao na Universidade sobre a nova lei de igualdade entre homens e mulheres. Foi uma idéia excelente! Os convidados eram homens e mulheres que ocupam distintos cargos na sociedade - remunerados e reconhecidos pelo sistema, ou nao. Foi bem esclarecedor e ilustrativo. Ficou claro para todos que, muitas vezes, as leis ajudam a sociedade a dar um salto qualitativo, mesmo que nem todos concordem no momento.

Para participar de uma das várias mesas redondas, convidaram um diretor geral da Iberdrola, uma diretora de escola e uma coordenadora de ONG. Para mim, esta foi a melhor discussao, porque realmente se dicutiu de verdade. O homem sentou no meio das duas mulheres. Ele tinha mais de 1,90 m, acho. Era enorme. Ele sentou e se atirou para um lado, como se estivesse em sua casa. De início, ele me pareceu grosseiro, maleducado e sem respeito com as companheiras de mesa e com o público. As duas mulheres eram magras e baixinhas. Descrevo estes dados porque quando terminou a discussao as mulheres tinham crescido e o cara tinha diminuido de tamanho. Foi maravilhoso! Senti alegria, porque o sujeito era muito prepotente. Louco de prepotente! Apareceu logo em sua expressao corporal e em suas primeiras frases. Ele acreditou que vinha discutir com um bando de feministas histéricas. Um equívoco gordo, porque ali estava toda a comunidade - homens, mulheres, trabalhadore(a)s, estudantes...

Inicialmente, ele disse que nao concordava com a lei porque a promoçao dentro da empresa tinha que ser por méritos. As mulheres, de distintas formas, responderam que, com a lei, nao muda a forma de promoçao. O que muda é a quantidade de homens e mulheres aptos à promoçao. Mais tarde, ele disse que, para dirigir uma empresa, um executivo (falou no masculino) levava uns 15 anos para conseguir aprender tudo e para poder desempenhar este posto satisfatoriamente. As mulheres rebateram que essa era uma necessidade dos homens, mas nao das mulheres, que conseguem fazer várias coisas ao mesmo tempo, e bem! Além disso, elas provaram com dados de 2005, super atualizados, que as microempresas que mais fecham sao as dos homens. As mulheres mantêm suas empresas e conseguem gerar mais empregos. E estes dados guardavam as devidas proporçoes entre as empresas de homens e de mulheres.

Resultado final: o público fez várias perguntas a elas e a concordância foi geral com as argumentaçoes das mulheres. Elas provaram que as teorias do cara eram implícitas e culturais, e que nao se apoiavam em fatos reais de base científica.

A conclusao geral da jornada, depois de muitas discussoes contra e a favor da lei, é conhecida: as mulheres nao têm a mesma oportunidade que os homens, nem em casa e nem no trabalho. Muitas mulheres do lar, que nao tinham vínculos com a universidade ou com as empresas ali representadas, participaram e opininaram, reforçando esta conclusao geral.

Inclusive no campo da educaçao, onde o número de mulheres é bem superior ao de homens, sao eles que ditam as regras, porque reitores e ministros da educaçao sao predominantemente homens - quando sabemos que existe muita mulher competente, trabalhadora e com um super talento para gestionar qualquer área do conhecimento.

Outra conclusao é a de que, mesmo com a lei, as mulheres terao que continuar atentas e seguir lutando para conquistar seus direitos legítimos. Ninguém quer ser igual aos homens, como disseram - e sentem - alguns enegúmenos que se pronunciaram ontem. Só queremos os mesmos direitos. Só isso. Direitos mais que legítimos!