domingo, fevereiro 05, 2006

Caricaturas e incoerências

Qualquer jornalista do mundo ocidental sabe que entre os muçulmanos existe uma lei que proibe a representaçao do profeta Maomé, inclusive se a representaçao fôr boa, favorável.
Flemming Rose, o redator chefe do suplemento de cultura do jornal Jyllands-Posten, da Dinamarca, em nome da liberdade de expressao, contrariou voluntariamente esta lei dos muçulmanos. E afirma que nao se arrepende.
Este profissional, de 47 anos, que encaixa na categoria de intelectual neoliberal do século XXI - partidário das liberdades individuais e da economia de mercado -, é defensor da política dos Estados Unidos.
Segundo ele, "nunca um país fez tanto pela humanidade e recebeu tao pouco agradecimento". Impressionante!
Como um autêntico ariano, ele é contra a imigraçao e afirma que os muçulmanos sao fanáticos, dogmáticos e têm a disposiçao de usar a violência contra os que nao compartem a sua opiniao.
Este homem, em sua cruzada particular, detonou um conflito de grandes e imprevisíveis dimensoes, com a publicaçao de doze ilustraçoes (vinhetas), onde o profeta Maomé aparece como terrorista, com uma bomba no turbante.
O mundo islâmico se levantou em peso!
Hoje, domingo, muitos jornais europeus estampam em suas primeiras páginas que "muçulmanos fanáticos queimam embaixadas européias" ou "muçulmanos exaltados arrasam embaixadas européias", atribuindo aos muçulmanos o empenho em cortar qualquer possibilidade de entendimento entre Ocidente e Oriente. Eles sempre sao os loucos e os fanáticos. Assim o Ocidente mostra o Oriente: como um bando de loucos, que nao pensa, nao raciocina, nao dá valor à vida, nao sente amor...por isso é necessário tutorizá-los e, de quebra, ficar com suas riquezas.
Depois de ler muitas reportagens, de perceber a uniao dos jornalistas no que se refere a este tema e de sentir uma crescente inquietude em meu peito com os argumentos que encontrava sobre os usos do artigo 19, da Declaraçao Mundial dos Direitos Humanos, que diz que "todo individuo tem o direito à liberdade de opiniao e de expressao..", encontrei no texto do Prof. Agustin Velloso, da UNED, um momento de sintonia e de relaxaçao. Respirei aliviada por encontrar alguém que escrevia o que eu sentia. Pensava que estava fora do meu juízo, lendo tanta defesa aos direitos humanos e à liberdade de expressao, sem nenhuma alusao às infinidades de desrespeitos e de invasoes que estes povos vêm sofrendo.
O Prof Velloso, no jornal El Mundo, mostra a incoerência destes discursos. Os mesmos que agora dizem que nao podem meter-se no assunto das caricaturas, porque nao podem violar o direito à liberdade de expressao, sao os que há anos nao páram de provocar o derramamento de sangue no Iraque, no Afeganistao e na Palestina. Ou seja, esta civilizaçao judeu-crista que, sem base legal, mata a milhares de muçulmanos, e invade, ocupa e arrasa com seus países. Mas, neste momento, têm as maos atadas pelo direito à liberdade de expressao.
Segundo o Prof. Velloso, é preciso ter um paladar moral extraordinário para defender o direito dos caricaturistas cristaos ao mesmo tempo em que assassinam a crianças e mulheres muçulmanas com o fim de resgatá-las de sua civilizaçao intolerante, atrasada e incivilizada. Esta consideraçao é a dos resgatadores (que o professor chama de assassinos), e nao a das vítimas.
Em sua argumentaçao, o Prof. faz a inversao dos fatos: os exércitos do Iraque, Afeganistao e Palestina invadem a Dinamarca - sem autorizaçao das Naçoes Unidas e justificando o ataque através de uma busca de armas massivas - e matam milhares de dinamarqueses. Fazem isso, evidentemente, pelo bem dos dinamarqueses - que ninguém duvide disso! -, para livrá-los de uma civilizaçao inferior e prejudicial para eles. No momento em que o sentimento de superioridade espiritual e de força de coalisao se expandem na terra dos dinamarqueses, um caricaturista iraquiano desenha a rainha sodomizada com um crucifixo. A piada é difundida pelos diários árabes e defendida por intelectuais e políticos. Será que os europeus permaneceriam serenos com a piadinha?
Atualmente, em diversos países europeus está proibido por lei negar o Holocausto judeu e, inclusive, colocar em dúvida o número de mortos ou os métodos de extermínio utilizados. A pena, para quem se atrever a negar este fato, é a perda da liberdade e uma boa multa. Nao se pode duvidar deste fato, porque é uma ofensa ao povo judeu. Super válido! Mas nesta mesma balança, entao, nao se pode ofender os sentimentos dos muçulmanos. Tratamentos iguais. Mas nao é assim que acontece na realidade, infelizmente.
Os jornalistas falam em liberdade de expressao. Esta liberdade é realmente necessária em todas as partes do mundo. Mas estes mesmos jornalistas falam sobre o Holocausto muçulmano que o Ocidente está promovendo? Onde está escrito na Declaraçao de Direitos Humanos que os avioes de combate debem lançar suas bombas em refúgios de crianças, à noite, quando estas estao entregues ao sono? Isso nao caracteriza crime hediondo, bárbaro, horripilante? O que fazem as Naçoes Unidas quando o extermínio é dos muçulmano?
O Ocidente, em sua tremenda prepotência, impoe aos muçulmanos uma tremenda humilhaçao. Até quando?
Neste momento, só posso acreditar que interessa aos ocidentais que a ocupaçao ilegal das terras muçulmanas e o extermínio dos árabes encontre uma boa justificativa na intolerância religiosa e na cultura pouco respeitosa com os valores ocidentais. Provocamos discreta e inteligentemente os muçulmanos, e, depois, nos fazemos de vítimas do fanatismo deles.
Nao existe barreiras e nem limites que o Ocidente nao tenha violado em sua relaçao com o Islao. Uma caricatura nao tem importância nenhuma, se nao viesse precedida por um martírio que nao se extingue mais.
Finalizando, coloco umas palavras do Prof. Velloso: "talvez o Ocidente acredite que possa seguir ferindo corpos e almas impunemente durante o tempo que queira. Mas tudo nesta vida tem limite, nao só a liberdade de expressao, mas a prepotência, o abuso, a humilhaçao. O único que eu posso fazer é pedir perdao."
Está claro que os muçulmanos nao sao melhores e nem piores: sao simplesmente diferentes! E isso nao é um delito que eles tenham que continuar pagando com suas vidas. As ofensas, as invasoes e o desprezo contínuo à sua cultura só podem provocar atos hostis e agressivos. Pisem com bastante força e raiva no pé de uma pessoa e observem o movimento instintivo, reativo e natural.
Neste momento, sobram olhares que querem separar as diferenças e faltam olhares que queiram promover a vinculaçao e a integraçao destas diferenças.

5 comentários:

Anónimo disse...

adorei os reloginhos!!!

Anónimo disse...

O blog da escritora muçulmana Irshad Manji mostra um necessário
equilíbrio no trato com as charges satânicas e com a questão do islã
no mundo moderno.

Claro que ele recebe emails como este:

"one message for u manji... u are nothing but a devil a fuckin devil.
please I beg u... Go jump off a cliff, u will do the world a huge
favor. u are totally whacko in head and ur existence is a shame to
everyone. u just like to bask in ur shortlived fame in the media,
supporting the zionists because u can get lots of money from those
rich bastards. u dont speak for the Muslims, i read ur book and it is
the biggest piece of crap ever. please do not call urself a Muslim. i
hope u burn in the deepest fires of hell for leading ppl to such great
falsehood. i really feel bad for ur parents, having a devil for a
daughter, well not their fault you turned into one. i saw that picture
of u with the fucker rushdie and for a second I saw two devils staring
out at me. if u wanna sink dont take ppl with u. u target weak Muslims
and drag them into hellfire with u. i cannot comprehend what must be
happening in ur brain. please kill urself and burninhell u dajjals
left hand." - manjiisabitch

"P.S. ur hair looks terrible with the sharp ends, like ur heart which
has thorns in it."

BTW, o cabelo dela é muito fashion e ela é muito bonita, machistamente
falando. Nada parecida com um demônio.

http://www.muslim-refusenik.com/

Na Folha de São Paulo (SP, Brasil) de 2006-02-10, página A10, tem um
artigo dela que saiu no Wall Stree Journal (NY, EUA) e que começa
assim:

"No Fórum Econômico Mundial, em janeiro, observei algo revelador. Em
uma sessão sobre a direita religiosa americana, um cartunista
satirizou um dos mais influentes pastores cristãos dos EUA, Pat
Robertson. Na platéia, rindo junto com o resto de nós, estava um
destacado muçulmano britânico. Mas seu sorriso desapareceu no instante
que nos mostraram uma charge zombando de clérigos muçulmanos." (via
PressDisplay)

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