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1. Chico Buarque2. Francis Hime, Milton Nascimento e Chico Buarque3. Francis Hime e Gilberto Gil4. Elis Regina5. Bibi Ferreira
A TV Record, numa determinada época, influiu bastante no desenvolvimento e na divulgaçao da MPB. Esta emissora promoveu festivais de música que foram êxitos televisivos inequívocos e que popularizaram muitos cantores/compositores. Uns, já desapareceram; outros, permanecem firmes - ficaram!
A época era de ditadura, mas a arte e a criatividade andavam em ebuliçao no país de céu anil. E esta emissora foi a catalizadora deste momento cultural. Quem viveu pode contar. Foi uma época de muita beleza, poesia e reivindicaçao.
Nos festivais, competiam Chico Buarque, Edu Lobo, Caetano, Gil, Elis Regina, Jair Rodrigues, Maria Bethânia, Nara Leao, Milton, Tom Zé, Os Mutantes, Francis Hime, Geraldo Vandré, Sérgio Ricardo, Marcos Valle, Taiguara, MPB4, Golden Boy, Trio Esperança, Tony Tornado, e outros tanto que irei lembrando depois que postar este texto - como nao! Era fascinante! A expressao dos diferentes talentos brasileiros mexia com a minha/nossa alma. Na minha casa, ficávamos entusiamados na frente da TV. Nao nos movíamos até conhecer os resultados. Apostávamos e torcíamos pelas nossas cançoes preferidas! Era um momento familiar gostoso.
A efervescência da arte brasileira, neste período, atingiu o teatro e o cinema também. Faziam sucesso nomes e talentos como Paulo Pontes, Bibi Ferreira, Gianfrancesco Guarnieri, Glauber Rocha, Luiz Carlos Barreto, Ruy Guerra, Cacá Diegues e, novamente, o queridíssimo Chico Buarque - para minha alegria e deleite, pude assistir às peças Roda Viva, Gota d´água, Calabar e Ópera do Malandro, deste artista.
Gota d'águaJá lhe dei meu corpo, minha alegriaJá estanquei meu sangue quando ferviaOlha a voz que me restaOlha a veia que saltaOlha a gota que falta pro desfecho da festaPor favorDeixe em paz meu coraçãoQue ele é um pote até aqui de mágoaE qualquer desatenção, faça nãoPode ser a gota dáguaA música
Sabiá (Chico e Tom) recebeu uma das maiores vaias da história do Festival, em 1968. Concorria com
Prá nao dizer que nao falei de flores (Geraldo Vandré), que era a preferida do público. Esta, virou o hino da oposiçao e é cantada nas passeatas que se realizam no Brasil. E
Sabiá, vencedora, virou uma cançao do exílio - para os que tiveram que sair do país por discordar dos generais da hora. Esta música, até hoje, também
toca os que vivem o exílio voluntário. Dá saudade do Brasil e dos que lá deixamos.
Sabiá
Vou voltarSei que ainda vou voltarPara o meu lugarFoi lá e é ainda láQue eu hei de ouvir cantarUma sabiáVou voltarSei que ainda vou voltarVou deitar à sombraDe uma palmeiraQue já não háColher a florQue já não dáE algum amor Talvez possa espantarAs noites que eu não queiraE anunciar o diaVou voltarSei que ainda vou voltarNão vai ser em vãoQue fiz tantos planosDe me enganarComo fiz enganosDe me encontrarComo fiz estradasDe me perderFiz de tudo e nadaDe te esquecerVou voltarSei que ainda vou voltarPara o meu lugarFoi lá e é ainda láQue eu hei de ouvir cantarUma sabiáEu tinha 9 anos quando começaram os festivais de música brasileira da Record (em 1966) e lembro de tudo, nitidamente. Ainda canto as cançoes que mais me marcaram. Também canto algumas cançoes do programa
Jovem Guarda, de Roberto Carlos, Erasmo e Wanderlea, desta mesma emissora. E adoro estas memórias!!!
P.S. Depois que escrevi o texto, e publiquei aqui, meu irmao Jayme escreveu este pedacinho de verdade, lá nos comentários:
"A tv era preto e branco e o en..canto colorido.. "