Na minha infância, sexta-feira santa era dia de subir um monte de Santa Maria (RS) e colher marcela (uns, dizem macela. Parece que as duas formas sao corretas).
Era uma alegria! Íamos os irmaos, os primos, alguns tios, amigos, vizinhos...e encontrávamos outros tantos, subindo e descendo o morro. Levávamos lanche e fazíamos um piquenique maravilhoso. Voltávamos com as maos cheias de maços amarelos.
Só mais tarde, quando cresci, comecei a apreciar os efeitos medicinais desta planta. Adoro um chá de marcela! Além de ser calmante, alivia problemas digestivos, reduz a taxa de colesterol, estimula a circulaçao e é um antiinflamatório natural - controla os vírus no organismo.
Aqui, nao existe o mesmo costume da sexta-feira santa santamariense, mas, amanha, passearei pelos montes, atrás de marcela e de minhas lembranças infantis.
A todos que visitam esta página, feliz Páscoa!
quinta-feira, abril 13, 2006
segunda-feira, abril 10, 2006
TV Record x MPB
1. Chico Buarque
2. Francis Hime, Milton Nascimento e Chico Buarque
3. Francis Hime e Gilberto Gil
4. Elis Regina
5. Bibi Ferreira
A TV Record, numa determinada época, influiu bastante no desenvolvimento e na divulgaçao da MPB. Esta emissora promoveu festivais de música que foram êxitos televisivos inequívocos e que popularizaram muitos cantores/compositores. Uns, já desapareceram; outros, permanecem firmes - ficaram!
A época era de ditadura, mas a arte e a criatividade andavam em ebuliçao no país de céu anil. E esta emissora foi a catalizadora deste momento cultural. Quem viveu pode contar. Foi uma época de muita beleza, poesia e reivindicaçao.
Nos festivais, competiam Chico Buarque, Edu Lobo, Caetano, Gil, Elis Regina, Jair Rodrigues, Maria Bethânia, Nara Leao, Milton, Tom Zé, Os Mutantes, Francis Hime, Geraldo Vandré, Sérgio Ricardo, Marcos Valle, Taiguara, MPB4, Golden Boy, Trio Esperança, Tony Tornado, e outros tanto que irei lembrando depois que postar este texto - como nao! Era fascinante! A expressao dos diferentes talentos brasileiros mexia com a minha/nossa alma. Na minha casa, ficávamos entusiamados na frente da TV. Nao nos movíamos até conhecer os resultados. Apostávamos e torcíamos pelas nossas cançoes preferidas! Era um momento familiar gostoso.
A efervescência da arte brasileira, neste período, atingiu o teatro e o cinema também. Faziam sucesso nomes e talentos como Paulo Pontes, Bibi Ferreira, Gianfrancesco Guarnieri, Glauber Rocha, Luiz Carlos Barreto, Ruy Guerra, Cacá Diegues e, novamente, o queridíssimo Chico Buarque - para minha alegria e deleite, pude assistir às peças Roda Viva, Gota d´água, Calabar e Ópera do Malandro, deste artista.
Gota d'água
Já lhe dei meu corpo, minha alegria
Já estanquei meu sangue quando fervia
Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta pro desfecho da festa
Por favor
Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota dágua
A música Sabiá (Chico e Tom) recebeu uma das maiores vaias da história do Festival, em 1968. Concorria com Prá nao dizer que nao falei de flores (Geraldo Vandré), que era a preferida do público. Esta, virou o hino da oposiçao e é cantada nas passeatas que se realizam no Brasil. E Sabiá, vencedora, virou uma cançao do exílio - para os que tiveram que sair do país por discordar dos generais da hora. Esta música, até hoje, também toca os que vivem o exílio voluntário. Dá saudade do Brasil e dos que lá deixamos.
Sabiá
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Para o meu lugar
Foi lá e é ainda lá
Que eu hei de ouvir cantar
Uma sabiá
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Vou deitar à sombra
De uma palmeira
Que já não há
Colher a flor
Que já não dá
E algum amor
Talvez possa espantar
As noites que eu não queira
E anunciar o dia
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Não vai ser em vão
Que fiz tantos planos
De me enganar
Como fiz enganos
De me encontrar
Como fiz estradas
De me perder
Fiz de tudo e nada
De te esquecer
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Para o meu lugar
Foi lá e é ainda lá
Que eu hei de ouvir cantar
Uma sabiá
Eu tinha 9 anos quando começaram os festivais de música brasileira da Record (em 1966) e lembro de tudo, nitidamente. Ainda canto as cançoes que mais me marcaram. Também canto algumas cançoes do programa Jovem Guarda, de Roberto Carlos, Erasmo e Wanderlea, desta mesma emissora. E adoro estas memórias!!!
P.S. Depois que escrevi o texto, e publiquei aqui, meu irmao Jayme escreveu este pedacinho de verdade, lá nos comentários:
"A tv era preto e branco e o en..canto colorido.. "
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