A tortilla é um dos prato mais tipicamente espanhol. Ontem, Virginia (espanhola) ensinava ao Hique (brasileiro) a fazer tortilla. Os dois conversavam sem parar na cozinha, e eu os ouvia do terraço. Transcrevo um momento da conversa:
(Hique) - " e como é que eu sei que as batatas já estao fritas?"
(Virginia ) - "quando elas parecem fritas".
Tive que rir.
O resultado final foi super saboroso.
sexta-feira, maio 19, 2006
Barracas parisienses
Os imigrantes e vagabundos de Paris estao recebendo barracas para viver pelos parques e pontes da cidade. A organizaçao Médidos do Mundo é a responsável pela entrega destes lares. O número crescente de pessoas que perambulam pelas ruas da Cidade Luz, vindos do Leste da Europa, da África e da América do Sul, preocupa a todos os parisenses. Alguns, mais caritativos, junto com Médicos do Mundo, tentam se organizar para alimentar esta massa humana que vai chegando, devagarinho. Os mais nacionalistas querem expulsar logo este contingente de pessoas e de barracas. Sao os que nao querem saber por que motivos tanta gente vai chegando. Estes, só se importam com a aparência de Paris - com sua beleza e riqueza.
Como eu já comentei em outros posts, é perfeitamente perceptível o aumento significativo no número de imigrantes que chega a Europa em busca de melhores oportunidades. E, na minha opiniao, é mais do que natural. Se seus países foram roubados e saqueados em outras épocas históricas, o que - direta ou indiretamente - levou à atual situaçao, é natural que a concentraçao de riquezas existente neste continente atraia aos mais necessitados. E este movimento nao vai parar de crescer. Só ontem, em Canárias, chegaram mais de mil pessoas em barquinhos que atravessam o oceano, vindos da África. É uma situaçao que exige cuidados especiais e imediatos. Os governos europeus passam por um momento de crise com tal quantidade de gente necessitada que chega diariamente. Pode parecer utopia ou bobagem, mas eu acredito que nao existe outra saída que nao seja a de oferecer novas e reais oportunidades aos que estao necessitando - tantos aos que chegam como aos que ficam em seus países. Por bem. Por que, se nao fôr assim, a situaçao pode ficar muito complicada.
Como eu já comentei em outros posts, é perfeitamente perceptível o aumento significativo no número de imigrantes que chega a Europa em busca de melhores oportunidades. E, na minha opiniao, é mais do que natural. Se seus países foram roubados e saqueados em outras épocas históricas, o que - direta ou indiretamente - levou à atual situaçao, é natural que a concentraçao de riquezas existente neste continente atraia aos mais necessitados. E este movimento nao vai parar de crescer. Só ontem, em Canárias, chegaram mais de mil pessoas em barquinhos que atravessam o oceano, vindos da África. É uma situaçao que exige cuidados especiais e imediatos. Os governos europeus passam por um momento de crise com tal quantidade de gente necessitada que chega diariamente. Pode parecer utopia ou bobagem, mas eu acredito que nao existe outra saída que nao seja a de oferecer novas e reais oportunidades aos que estao necessitando - tantos aos que chegam como aos que ficam em seus países. Por bem. Por que, se nao fôr assim, a situaçao pode ficar muito complicada.
O Andy Warhol do cinema
Pedro Almodóvar vai receber o prêmio Príncipe de Astúrias das Artes. Reconhecimento merecido para este cineasta que mudou o cinema espanhol. Ele, com sua criatividade e originalidade, utiliza personagens marginais - ou marginalizados - e os transforma em heróis ou vítimas do mundo em que vivemos, numa linguagem cênica que, muitas vezes, dispensa palavras.
Há um ano, aproximadamente, o jornal El País, de Madrid, lançou os DVDs de seus filmes. Eram vendidos aos domingos, junto com o jornal impresso. Deste modo, pude comprar a coleçao e ver alguns filmes dele que nunca foram lançados no Brasil. Nao há dúvidas que ele é, no mínimo, inovador. Seus filmes se caracterizam pela ausencia de juízos morais e pela ausencia de preconceitos. O mais surpreendente é a aceitaçao generalizada das idéias que ele traz para a grande tela. Seus temas polêmicos, claro, atingem às instituiçoes poderosas. A Igreja é uma delas. O setor eclesiástico nao cansa de manifestar o malestar provocado por seus filmes, especialmente aqui na Espanha. Mas, em geral, a populaçao aceita muito bem sua mensagem/visao artística.
Ontem, numa entrevista ao EL País, ele disse: "como autor, dotei os meus personagens de uma absoluta independencia moral. Todos, sem importar classe social, foram livres para lutar contra os problemas que deviam afrontar. Foram livres para sofrer, para amar e para correr o risco de transitar pela zona mais obscura de si mesmo. Mostrei todos eles - psicopatas, atrizes, donas de casas, toureiros, escritores, diretores de cine, polícias apaixonados e corruptos - como seres humanos, sem julgar seus atos..." Sem dúvidas, ele é um homem de grande talento e merece este reconhecimento - que é maior no exterior.
Percebo que cada povo tem uma forma diferente de fazer cinema. O cinema brasileiro, por exemplo, tem umas características inconfundíveis, próprias, que sao maravilhosas. Neste sentido, aprecio muito - também - os filmes espanhóis. Nunca esqueço de alguns filmes que vi na minha adolescência e que me impactaram muito, como os de Bigas Luna, de Carlos Saura, de Buñuel...eles sao todos muito loucos! Na vida cotidiana, parece que os espanhóis sao mais certinhos, mais ajustadinhos, mais organizados, etc...mas, na grande tela, aparece nitidamente a irreverência, a criatividade e o talento deste povo.
Há um ano, aproximadamente, o jornal El País, de Madrid, lançou os DVDs de seus filmes. Eram vendidos aos domingos, junto com o jornal impresso. Deste modo, pude comprar a coleçao e ver alguns filmes dele que nunca foram lançados no Brasil. Nao há dúvidas que ele é, no mínimo, inovador. Seus filmes se caracterizam pela ausencia de juízos morais e pela ausencia de preconceitos. O mais surpreendente é a aceitaçao generalizada das idéias que ele traz para a grande tela. Seus temas polêmicos, claro, atingem às instituiçoes poderosas. A Igreja é uma delas. O setor eclesiástico nao cansa de manifestar o malestar provocado por seus filmes, especialmente aqui na Espanha. Mas, em geral, a populaçao aceita muito bem sua mensagem/visao artística.
Ontem, numa entrevista ao EL País, ele disse: "como autor, dotei os meus personagens de uma absoluta independencia moral. Todos, sem importar classe social, foram livres para lutar contra os problemas que deviam afrontar. Foram livres para sofrer, para amar e para correr o risco de transitar pela zona mais obscura de si mesmo. Mostrei todos eles - psicopatas, atrizes, donas de casas, toureiros, escritores, diretores de cine, polícias apaixonados e corruptos - como seres humanos, sem julgar seus atos..." Sem dúvidas, ele é um homem de grande talento e merece este reconhecimento - que é maior no exterior.
Percebo que cada povo tem uma forma diferente de fazer cinema. O cinema brasileiro, por exemplo, tem umas características inconfundíveis, próprias, que sao maravilhosas. Neste sentido, aprecio muito - também - os filmes espanhóis. Nunca esqueço de alguns filmes que vi na minha adolescência e que me impactaram muito, como os de Bigas Luna, de Carlos Saura, de Buñuel...eles sao todos muito loucos! Na vida cotidiana, parece que os espanhóis sao mais certinhos, mais ajustadinhos, mais organizados, etc...mas, na grande tela, aparece nitidamente a irreverência, a criatividade e o talento deste povo.
quarta-feira, maio 17, 2006
segunda-feira, maio 15, 2006
Laços e redes
Em cada lugar que vivemos, tecemos nossos laços e ampliamos a rede de amigos e conhecidos. Ao chegar num lugar novo, o desconhecido pode provocar receio e medo. Mas, devagarinho, vamos estabelecendo relaçoes com as mais diferentes pessoas: as da padaria, as do supermercado, os vizinhos, os companheiros de trabalho...depois de um tempo, a rede vai tomando forma e crescendo. Começar a sentir familiaridade com a nova cidade e seus habitantes produz a acomodaçao dos sentimentos que, inicialmente, estao em alvoroço.
Eu vivi em várias cidades do Brasil antes de viver em Bilbao. E sempre aprendi muito com as mudanças. Cada cidade, novos aprendizados. Aprender e conhecer é maravilhoso! A identificaçao com determinados aspectos que nos sao significativos, nas diferentes cidades, vale muito a pena. É o que dá energia e gás para seguir nos caminhos e movimentos.
Mas as partidas/despedidas se fazem acompanhar da certeza que estamos deixando pessoas e lugares importantes da nossa história. Algumas destas pessoas, permanecem; outras, passam. É assim, inevitavelmente.
Em Bilbao, conheci pessoas fantásticas, que me ajudaram e que contribuíram - de alguma forma - para o meu aprendizado de vida. Com estas pessoas, aprendi a conhecer e a amar a cultura espanhola e, também, a interculturalidade que se vive aqui - entre outras coisas. Mas esta etapa também acabou. E é destas pessoas - as que me acompanharam e me deram força - que eu me despeço agora, nestas linhas. Com carinho, saudade e reconhecimento.
A todo(a)s que marcaram minha existência bilbaína com suas cores pecualiares, um abraço agradecido. Vocês bordaram matizes incomuns em minha história. Só posso agradecer muito!
Agora, atraco meu barquinho no porto de Madri - que nao existe, porque esta cidade está localizada no centro da Espanha. Será uma fantasia minha? Vamos ver nos próximos posts.
Eu vivi em várias cidades do Brasil antes de viver em Bilbao. E sempre aprendi muito com as mudanças. Cada cidade, novos aprendizados. Aprender e conhecer é maravilhoso! A identificaçao com determinados aspectos que nos sao significativos, nas diferentes cidades, vale muito a pena. É o que dá energia e gás para seguir nos caminhos e movimentos.
Mas as partidas/despedidas se fazem acompanhar da certeza que estamos deixando pessoas e lugares importantes da nossa história. Algumas destas pessoas, permanecem; outras, passam. É assim, inevitavelmente.
Em Bilbao, conheci pessoas fantásticas, que me ajudaram e que contribuíram - de alguma forma - para o meu aprendizado de vida. Com estas pessoas, aprendi a conhecer e a amar a cultura espanhola e, também, a interculturalidade que se vive aqui - entre outras coisas. Mas esta etapa também acabou. E é destas pessoas - as que me acompanharam e me deram força - que eu me despeço agora, nestas linhas. Com carinho, saudade e reconhecimento.
A todo(a)s que marcaram minha existência bilbaína com suas cores pecualiares, um abraço agradecido. Vocês bordaram matizes incomuns em minha história. Só posso agradecer muito!
Agora, atraco meu barquinho no porto de Madri - que nao existe, porque esta cidade está localizada no centro da Espanha. Será uma fantasia minha? Vamos ver nos próximos posts.
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