terça-feira, março 28, 2006

Identidades e diferenças

Acabo de ler as conclusoes redigidas pela Sociedade Espanhola de Pedagogía, ao encerrar o II Congresso Iberoamericano de Pedagogia. No papel, ficou tudo super bonitinho. A teoria emociona e entusiasma. Realmente! Mas a prática é outra coisa bem diferente.

A publicaçao afirma que a diversidade nâo é sinônimo de desigualdade. Muitos livros afirmam isso. Muitíssimos, mas, na prática, sabemos que nao é bem assim, pois a educaçao está planejada, em geral, para a homogeneidade.

Uma parte que eu gostei de ler é que a educaçao e o ensino devem se basear em novos princípios, fomentando a superaçao dos estereótipos culturais. "Ante o patriótico que exclui, a educaçao deve acentuar princípios abertos e integradores". Parece bem evidente que, numa sociedade multicultural, a pessoa pode se identificar com vários grupos, sem o sentimento de traiçao a sua cultura de origem. A abertura às diferentes culturas deveria ser o mais natural, e nao o contrário.

Neste momento, lembrei de uma leitura que fiz no blog da Denise, há algum tempo, num post chamado Amo o Brasil, mas nao sinto banzo.
Denise afirma que sempre detestou o ufanismo que faz os brasileiros repetirem continuamente que "o brasileiro é o único povo que sabe se divertir", que "enfrenta tudo com bom humor", que "é o mais criativo"... pode até ser verdade, mas nem por isso somos superiores às outras culturas, e vice-versa. O ufanismo nao pode impedir que apreciemos outras culturas. O orgulho de nossa brasilidade é legítimo e impregna nossas açoes e sentimentos, mas nao pode impedir a apreciaçao de outras culturas e de outros povos. Os outros povos possuem características distintas, que sao tao interessantes como as dos brasileiros.

Acredito que a educaçao deve buscar pontos estratégicos que facilitem a construçao de identidades múltiplas e, ao mesmo tempo, de identidades localizadas. Isso é super importante. Além disso, a educaçao deve incentivar valores de aceitaçao, de respeito e de conhecimento mútuo, ampliando os horizontes e as referencias existentes na sociedade. Nao há dúvida que o sentido transnacional da cultura deve mudar a açao pedagógico-educativa.

Outro aspecto interessante desta publicaçao se refere ao tema que tenho insistido aqui: a igualdade de gênero. Segundo este documento, um dos grandes desafios para as sociedades plurais é a configuraçao de uma Pedagogia de Gênero que oriente a construçao de identidades de gênero - novas mulheres e novos homens - baseadas na igualdade e na nao-discriminaçao.

Enfim, é necessário ampliar o conceito de cidadanía em geral, para uma visao que vincule igualdade e diferença, reconhecendo, aceitando e respeitando as distintas identidades culturais.

Minha preocupaçao se fixa num ponto, como já citei em outro post: nada disso é possível ou viável sem a devida formaçao e a necessária reflexao dos professores. O fomento à convivência democrática, ao respeito, à cooperaçao, à tolerância, ao antirascismo, passa pela açao/intervençao destes profissionais. O papel dos professores é fundamental nas mudanças da sociedade. A qualidade da formaçao que eles recebem, e sua permanente atualizaçao, pode promover importantes mudanças educativas, qualitativa e quantitativamente.

Os responsáveis por políticas educativas e as instituiçoes de ensino devem ver/entender claramente que a diversidade, mais que um problema ou uma fonte de problemas, é a oportunidade para a construçao de identidades ricas e diversas. É a oportunidade constante de novas aprendizagens, pois todos têm o que ensinar e o que aprender.

7 comentários:

Anónimo disse...

Thelma,
Concordo contigo quando dizes que o gerador de mudanças é o professor!Pena q aqui ele esteja numa situação caótica,falta-lhe esperança,condições para aperfeiçoamento.Nossos professores estão a margem de desenvolvimento tecnológico,das mudanças que ocorrem rapidamente na sociedade.O aluno é mais em sala!Não existe um compromisso com a qualidade do ensino ,infelismente.Outro dia vi uma pesquisa que o Brasil tem o maior número de faculdades de medicina do mundo e forma os piores profissionais.E agora? Se há culpa culparmos quem?
Bjos

Anónimo disse...

Thelma, concordo com tudo. e assim como os professores devem ser o exemplo desta integração, os responsáveis pelos caminhos da educação, as células do cérebro - os ministros, secretários, coordenadores e diretores de escolas - devem se reciclar, atualizar seus valores, para fornecer aos professores os elementos necessários ao desenvolvimento da qualidade da educação. Continua nesta tua brava luta de apontar os caminhos do desenvolvimento humano. Temos que fazer rufar os tambores de nossas linguas, uníssonas, nas teclas das letras, palavras, frases e textos que estão guardados no fundo de nossos corações.

Anónimo disse...

This site is one of the best I have ever seen, wish I had one like this.
»

Anónimo disse...

Here are some links that I believe will be interested

Anónimo disse...

Your website has a useful information for beginners like me.
»

Anónimo disse...

Hi! Just want to say what a nice site. Bye, see you soon.
»

Anónimo disse...

You have an outstanding good and well structured site. I enjoyed browsing through it »