sexta-feira, maio 19, 2006

O Andy Warhol do cinema

Pedro Almodóvar vai receber o prêmio Príncipe de Astúrias das Artes. Reconhecimento merecido para este cineasta que mudou o cinema espanhol. Ele, com sua criatividade e originalidade, utiliza personagens marginais - ou marginalizados - e os transforma em heróis ou vítimas do mundo em que vivemos, numa linguagem cênica que, muitas vezes, dispensa palavras.

Há um ano, aproximadamente, o jornal El País, de Madrid, lançou os DVDs de seus filmes. Eram vendidos aos domingos, junto com o jornal impresso. Deste modo, pude comprar a coleçao e ver alguns filmes dele que nunca foram lançados no Brasil. Nao há dúvidas que ele é, no mínimo, inovador. Seus filmes se caracterizam pela ausencia de juízos morais e pela ausencia de preconceitos. O mais surpreendente é a aceitaçao generalizada das idéias que ele traz para a grande tela. Seus temas polêmicos, claro, atingem às instituiçoes poderosas. A Igreja é uma delas. O setor eclesiástico nao cansa de manifestar o malestar provocado por seus filmes, especialmente aqui na Espanha. Mas, em geral, a populaçao aceita muito bem sua mensagem/visao artística.

Ontem, numa entrevista ao EL País, ele disse: "como autor, dotei os meus personagens de uma absoluta independencia moral. Todos, sem importar classe social, foram livres para lutar contra os problemas que deviam afrontar. Foram livres para sofrer, para amar e para correr o risco de transitar pela zona mais obscura de si mesmo. Mostrei todos eles - psicopatas, atrizes, donas de casas, toureiros, escritores, diretores de cine, polícias apaixonados e corruptos - como seres humanos, sem julgar seus atos..." Sem dúvidas, ele é um homem de grande talento e merece este reconhecimento - que é maior no exterior.

Percebo que cada povo tem uma forma diferente de fazer cinema. O cinema brasileiro, por exemplo, tem umas características inconfundíveis, próprias, que sao maravilhosas. Neste sentido, aprecio muito - também - os filmes espanhóis. Nunca esqueço de alguns filmes que vi na minha adolescência e que me impactaram muito, como os de Bigas Luna, de Carlos Saura, de Buñuel...eles sao todos muito loucos! Na vida cotidiana, parece que os espanhóis sao mais certinhos, mais ajustadinhos, mais organizados, etc...mas, na grande tela, aparece nitidamente a irreverência, a criatividade e o talento deste povo.

2 comentários:

Anónimo disse...

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