sábado, abril 08, 2006

Semana Santa

A Semana Santa espanhola é vivida com uma intensidade que impressiona. Eu, pelo menos, desconhecia a força e a dimensao dos ritos católicos neste período.

Em algumas cidades espanholas, as procissoes nao páram. Saem durante o dia e a noite. Sevilha é a cidade mais famosa pela exuberante mostra de religiosidade popular. Nesta época, a cidade recebe milhares de visitantes. Sua festa religiosa é conhecida desde o século XV.

Grande parte das confrarias da atualidade foram criadas nos séculos XV e XVI, mas elas começaram a surgir nos séculos XIII e XIV. Destas irmandades, as mais famosas sao as de Vera Cruz e a da Quinta Angústia da Virgem. Atualmente, em Sevilha, desfilam 57 irmandades diferentes.

As procissoes caracterizam-se por cortejos diferentes. As imágens e as figuras que os confrades carregam nos ombros; e as cores das vestimentas, sao diferentes para cada confraria. O que é comum sao os passos lentos e longos e os tambores, que enchem de emoçao, de beleza e de surpresa aos que assistem.

O ambiente de espiritualidade e de devoçao sao únicos. Nunca vi nada igual. Percebe-se o fervor das pessoas. A intensidade nao deixa ninguém indiferente. Uns, aplaudem; outros, choram; outros, ajoelham-se e rezam; outros, atiram pétalas de flores. É realmente uma experiência estranha, onde se vê o êxtase do misticismo coletivo.

A primeira vez que assisti a uma procissao, em Bilbao, fiquei muito tocada. Reconheço que senti inquietude com o que vi. Soube depois que, normalmente, as crianças nao participam das procissoes da noite, pelo medo que sentem. Perfeitamente compreensível. Aqueles homens de cara tapada, os que vao se torturando e batendo com espinhos nas costas até sangrar, os sons dos tambores...realmente impressiona!

E tem uma coisa que me choca um pouco nestas solenidades religiosas: o léxico. Existem umas palavras que soam fortes aos meus ouvidos, como: penitência, constriçao, purgatório, ritos penitenciarios. Também percebo que as imágens e figuras transportadas têm cara de muito sofrimento e dor.

Enfim, as diferenças culturais também ficam evidentes na Semana Santa. Escrevendo este texto me entrou a curiosidade de saber como este momento religioso é vivido em outros países.

8 comentários:

Anónimo disse...

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SEAN disse:

eu acho essas manifestações culturais fascinantes, me encanta ver e buscar explicações para os ritos litúrgicos.

e a dramaticidade dos espanhóis é insuperável nesse quesito: mitos, sons, cores, gestos, ambiência, emocionalidade, cooptação.

aqui, como vc deve lembrar, é só culpa sem rito: não pode rir, não pode usar listrado ou bolinhas, não pode comer carne, não pode usar cotonete, não pode pensar em sacanagem, não pode comer o rabo do peixe: não, não, não.

tiraram o melhor - o rito - e deixaram o pior - a tentativa de nos fazer sentir culpa.
o que dá errado, porque poucos respeitam quando não se sentem cooptados e envolvidos.

é por isso que renovo todo ano minha carteirinha de ateu.




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Ana disse...

O Sean disse tudo...

Os filmes que mais me dão medo são justamente aqueles que mostram imagens de Igrejas, envoltas em sobras, os templos imensos com suas imagens de santos e anjos, com música sacra e aquele "climão" amendrontador... Tipo A Profecia... Me dá vontade de sair do cinema e me certificar que há sol lá fora! E que tá tudo bem! Heheheh!

Ana disse...

Falei disso porque as palavras "ritual" e "culpa" me fazem lembrar de Igreja...
Óbvio, né?

Anónimo disse...

Parabéns para o Sean! São tantas as culpas que assumimos quando nos tornamos católicos q meus filhos são livres para escolher a fé que terão. Apenas os batizei, pq era uma regra familiar.Era mais uma tarefa das avós!Mas foi só!Hoje são adulto,não fizeram mais nenhum dos sacramentos da igreja!
Bjos

Anónimo disse...

Thelma, cliquei errado!Sou atéia mas não sou anônimo!!!!!!!!

Anónimo disse...

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