domingo, março 05, 2006

Revolução social espanhola

A Espanha, lentamente, está promovendo uma revolução social. Agora, o governo apresentou o anteprojeto da Lei de Igualdade. Nos últimos meses, já tinha mudado a Lei de Estrangeiros (legalizando milhares deles), criado a Lei de União Homossexual (legalizando o casamento entre casais do mesmo sexo), ampliado a Lei da Paternidade (o pai tem direito a 10 dias livres quando nasce um filho) e endurecido a lei de Violência de Gênero (que estabelece penas severas para as agressões de gênero, que são demasiadas neste país).

A Lei de Igualdade refere-se à igualdade entre homens e mulheres em seus trabalhos - igualdade de salários, de oportunidades de ascenção e de promoção, de conciliação do trabalho da mulher com a vida familiar e de flexibilidade de horários. Com isso, o governo pretende que a Espanha passe da igualdade formal - que só existe nos papéis - à igualdade real.

Na atualidade, e na quase totalidade das empresas, os homens são melhor remunerados e ocupam postos de maior responsabilidade. Isso será corregido. Esta lei favorecerá o acesso das mulheres a postos de responsabilidade e evitará que elas tenham que abandonar o trabalho por conta da maternidade.

O Ministro do Trabalho, Jesús Caldera, afirma que a maternidade é um bem social e é o futuro do país, por isso a lei está orientada para as mulheres poderem compatibilizar a maternidade com o trabalho. Enfim!!! Nada mais de demissões por gravidez! A maternidade é um bem social! Bonito!

Outra coisa que gostei é que o ministro indaga: por que sendo as mulheres a metade da população não existe a mesma representação nas empresas e na política? Eu sempre me faço esta pergunta também.

Para ele, a Lei de Igualdade é um imperativo moral e não gera elementos negativos para as empresas. Esta não é a opinião dos empresários, que reagem contra o argumento do governo. Ignorando a reação, o ministro afirma que as empresas que executem políticas de igualdade terão preferência nos contratos com a Administração - copiando o modelo existente na Noruega.

Outro aspecto interessante desta lei é a determinação de que os acusados de acosso ou de discriminação terão que demonstrar sua inocência. Isto é, a pessoa acusada de acosso tem que justificar perante a lei que sua conduta correponde a critérios objetivos, justificados e proporcionais. Deste modo, é bem possível que diminuam ou a desapareçam as condutas exageradas e de exercícios de poder.

O governo espanhol parece empenhado em melhorar os direitos da mulher, exigindo uma representação equilibrada entre os dois sexos - nas empresas e nos lares - porque trechos destas últimas leis falam que o homem não tem que ajudar a mulher, mas compartilhar com ela as tarefas e responsabilidades do lar. Esta simples troca de verbo tem um grande significado cultural. Quando se afirma que o homem ajuda a mulher, a mensagem extraída é de que a responsabilidade é dela e que ele, por bonzinho, ajuda. Que compreensivo! Mas as leis mudam esta mensagem de forma bem clara: as responsabilidades são compartilhadas.

O ministro enfatiza que esta é uma lei que reconhece legalmente que sempre houve desigualdade e que a mulher, historicamente, sempre sofreu discriminação.

Por estas coisas, e por outras tantas, o governo de Zapatero vai ganhando mais apoio. Ele já começou diferente, quando chamou para vice-presidente uma mulher de fundamento - Maria Teresa Fernández de la Vega, que carinhosamente chamamos de Maritêre!

Desde a minha perspectiva de mulher, estrangeira, brasileira, acho que este governo está se esforçando para promover uma mudança cultural profunda e significativa na sociedade espanhola. E, neste sentido, os espanhóis deveriam acreditar e apostar mais no seu governo. Vejo críticas nos jornais e fico sem entender a ala conservadora deste país. Está claríssimo que o momento é de evolução social! Isso certamente vai repercutir e ter consequências em outros países e, assim, pouco a pouco, vamos todos evoluindo. O progresso nao está só nas tecnologias. O progresso está no avanço das idéias e das crenças da sociedade. Portanto, adelante España!

5 comentários:

Anónimo disse...

Thelma,

Hoje mais cedo li este seu post. Muito informativo, obrigado.

Algo porém me atordoou. Tentei comentar mas fiquei com medo de você achar meio "desrespeitoso" um comentário gigante. :)

Felizmente declinei já que durante a escrita comecei a contestar meu próprio argumento. Acho que um dia destes me sentarei com calma e escreverei algo no "Indizível" sobre este controverso tema de igualdade social entre os gêneros. Acho que ao menos o título já tenho: 'viva a macro igualdade e a micro desigualdade!' :) :)

Um abraço,

Anónimo disse...

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