quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Adolescência teórica

Sabemos que a Internet se converteu num meio poderoso para a interaçao e integraçao dos distintos grupos e países. Sua relevância se estende tanto aos aspectos relacionados com o conhecimento como aos aspectos relacionados com a comunicaçao global.
Apesar do grande potencial que o contexto virtual oferece, o acelerado desenvolvimento tecnológico nao está sendo acompanhado de um desenvolvimento equivalente no que se refere à qualidade pedagógica e à eficácia dos processo educativos. Há muito o que fazer e estudar para melhorar o ensino e a aprendizagem neste contexto.
No atual momento, o que se percebe é que ainda nao existe um corpo de conhecimento suficientemente discutido e analisado em que se possa apoiar os processos de ensino e aprendizagem que ocorrem nesta modalidade, especialmente se nos referimos à educaçao superior. A reflexao teórica sobre este tema é relativamente nova. É o que Barberá y cols. (2001) chamam de adolescência teórica da educaçao no ambiente virtual. Possivelmente devido a esta adolescência teórica, as instituiçoes, muitas vezes, planejam seus cursos sem maiores preocupaçoes com a definiçao de uma perspectiva pedagógica a seguir. Neste sentido, é importante definir e configurar um corpo de conhecimento que explique e justifique, de maneira sistemática, os fundamentos da educaçao no ambiente on-line. É preciso conhecer muito bem as metodologias mais adequadas para cada situaçao específica, os recursos mais apropriados, as qualidades indispensáveis para que os professores possam desempenhar bem suas funçoes, as características dos alunos, os conteúdos mais pertinentes, as estratégias de ensino, as estratégias de aprendizagem...
Percebemos que, tanto no ambiente presencial como no ambiente virtual, muitas vezes, as aulas sao preparadas como se o grupo de alunos fosse homogêneo - embora a diversidade seja evidente. O que quero dizer é que nem sempre esta diversidade é considerada na hora de planejar as atividades ou situaçoes educativas. E nao há dúvidas de que os distintos alunos têm distintas formas de aprender - mas este detalhe nem sempre é considerado. Em muitas ocasioes, as instituiçoes estao mais preocupadas com o mercantilismo educativo e passam por cima das diferenças específicas - tanto em relaçao aos participantes do processo educativo como em relaçao aos contextos de aprendizagem.
Estudos realizados assinalam que, no contexto virtual, para a qualidade e a continuidade dos processos educativos, o planejamento deve ser muito mais detalhado, meticuloso e organizado que no contexto presencial. Este detalhamento cuidadoso é absolutamente necessário porque deve suprir a falta de contato físico com os professores e com os demais alunos. Isso significa que o tempo de preparaçao de atividades e de aplicaçao das mesmas nao é o mesmo que no contexto presencial - o que nem sempre está sendo levado em consideraçao pelas instituiçoes educativas.
Nao podemos esquecer que, anterior ao planejamento das atividades, é imprescindível conhecer as características principais do grupo ao qual os professores vao se dirigir - interesses pessoais e profissionais, conhecimentos e experiências prévias, estilos de aprendizaje e contextos de vida. Só depois de conhecer estes dados mínimos é que o planejamento das atividades pode ser elaborado - conforme as características encontradas. Levando em consideraçao estas características, será mais fácil vincular as atividades de novos conteúdos aos conteúdos que os alunos já conhecem e, assim, promover a aprendizagem significativa. Vincular os conhecimentos novos à realidade laboral, social e cultural dos alunos impulsionará a motivaçao dos mesmos. E, neste contexto, onde o índice de desistência é muito alto, a motivaçao é um dos principais aspectos que levam à continuidade dos processos de aprendizagem.
Depois de tudo o que escrevi, insisto num ponto sobre o contexto virtual: quando maior qualidade no ensino, mais significativa será a aprendizagem. Portanto, a qualificaçao do professorado é fundamental neste contexto. Sem a formaçao/capacitaçao necessária e constante, os professores nao poderao ajudar, colaborar e contribuir para o desenvolvimento cognitivo e afetivo dos alunos. Os professores têm um papel determinante neste contexto - ao contrário do que afirmam muitos autores, que confundem independência e autonomia com autoditatismo.
Infelizmente, nem todas as instituiçoes educativas estao preocupadas com o desenvolvimento cognitivo e afetivo de seus alunos - especialmente se fôr à distância. As que buscam principalmente o lucro e que tratam a educaçao como uma mercadoria, continuarao na linha da educaçao bancária (Paulo Freire), que se refere aos depósitos de conteúdo por parte dos professores – como um fluxo linear e unidirecional. As instituiçoes educativas que se preocupam com a qualidade dos processos de ensino e de aprendizagem, fomentarao a capacitaçao dos professores e a reflexao crítica conjunta - que resultará no desenvolvimento de uma forma autêntica de pensamento, de açao e de interaçao.
Deste modo, a qualidade e a eficácia dos processos educativos no contexto virtual está nas maos das instituiçoes e de suas políticas educativas. Depende delas investir no desenvolvimento pedagógico contínuo dos professores e nas mudanças estruturais que este ambiente requer - para alcançar níveis mais altos de desenvolvimento e de satisfaçao.

3 comentários:

Anónimo disse...

Para ayudar..
http://www.ecuablogs.com/

Anónimo disse...

¡parece bien!
http://www.bitacoras.org/index.php?id=C0_27_1

Anónimo disse...

Very best site. Keep working. Will return in the near future.
»