Ah, quanta dor vejo em teus olhos
Tanto pranto em teu sorriso
Tão vazias as tuas mãos
De onde vens assim cansada
De que dor, de qual distância
De que terras, de que mar
Só quem partiu pode voltar
E eu voltei prá te contar
Dos caminhos onde andei
Fiz do riso amargo pranto
No olhar sempre teus olhos
No peito aberto uma canção
Se eu pudesse de repente te mostrar meu coração
Saberias num momento quanta dor há dentro dele
Dor de amor quando não passa
É porque o amor valeu.
Dorival Caymmi
terça-feira, março 07, 2006
Laços sociais
Diz uma investigaçao que eu estava lendo (A força dos laços de Internet ) que, diferente do que afirmam muitos estudos sobre o isolamento das pessoas, Internet pode fomentar o apoio e a solidariedade entre as pessoas de diferentes países ou contextos. Pensei comigo: "todos os que participamos ativamente desta rede de comunicaçao, podemos ver/sentir isso diariamente através de nosso contatos reais no ambiente virtual. Sem nenhuma dúvida!".
O estudo realizado por Pew Internet e alguns sociólogos canadenses descobriu que esta rede de comunicaçao pode fomentar as relaçoes sociais e potencializar a integraçao das pessoas nos contextos de seu interesse. Para quem vive a dinâmica das diferentes comunidades virtuais, isso já é antigo. Fiquei surpresa com a novidade e com a receptividade dos resultados deste estudo no meio acadêmico. Eu pensava que era de domínio público que as novas formas de relaçoes sociais vao acontecendo de acordo com o progresso das tecnologias e a facilitaçao da comunicaçao - correios eletrônicos, celulares, Skype, orkut, blogs, iPods... - e que o famoso isolamento é só para quem já tem esta tendência - independente do meio ou do contexto.
O estudo referido confirma que Internet desempenha um papel social benéfico em uma rede construída ao redor de cada pessoa (networked individualism). Os antigos vizinhos de bairro se deslocaram para Internet e estao situados em comunidades de interesses e objetivos comuns. É um novo tipo de comunidade social. Neste sentido, a limitaçao geográfica desaparece.
O mais importante deste estudo é que eles conseguiram ver que pessoas estao buscando informaçoes e recursos da Internet na hora de tomar decisoes - simples ou relevantes - na vida. As informaçoes e as opinioes obtidas nas redes sociais do contexto virtual passam a ser decisivas na vida de muitos de seus participantes que, deste modo, perdem a imagem de alheios à realidade e ganham uma imagem de pessoas inteligentes que buscam a grande rede para viver melhor a vida real.
O estudo realizado por Pew Internet e alguns sociólogos canadenses descobriu que esta rede de comunicaçao pode fomentar as relaçoes sociais e potencializar a integraçao das pessoas nos contextos de seu interesse. Para quem vive a dinâmica das diferentes comunidades virtuais, isso já é antigo. Fiquei surpresa com a novidade e com a receptividade dos resultados deste estudo no meio acadêmico. Eu pensava que era de domínio público que as novas formas de relaçoes sociais vao acontecendo de acordo com o progresso das tecnologias e a facilitaçao da comunicaçao - correios eletrônicos, celulares, Skype, orkut, blogs, iPods... - e que o famoso isolamento é só para quem já tem esta tendência - independente do meio ou do contexto.
O estudo referido confirma que Internet desempenha um papel social benéfico em uma rede construída ao redor de cada pessoa (networked individualism). Os antigos vizinhos de bairro se deslocaram para Internet e estao situados em comunidades de interesses e objetivos comuns. É um novo tipo de comunidade social. Neste sentido, a limitaçao geográfica desaparece.
O mais importante deste estudo é que eles conseguiram ver que pessoas estao buscando informaçoes e recursos da Internet na hora de tomar decisoes - simples ou relevantes - na vida. As informaçoes e as opinioes obtidas nas redes sociais do contexto virtual passam a ser decisivas na vida de muitos de seus participantes que, deste modo, perdem a imagem de alheios à realidade e ganham uma imagem de pessoas inteligentes que buscam a grande rede para viver melhor a vida real.
domingo, março 05, 2006
Revolução social espanhola
A Espanha, lentamente, está promovendo uma revolução social. Agora, o governo apresentou o anteprojeto da Lei de Igualdade. Nos últimos meses, já tinha mudado a Lei de Estrangeiros (legalizando milhares deles), criado a Lei de União Homossexual (legalizando o casamento entre casais do mesmo sexo), ampliado a Lei da Paternidade (o pai tem direito a 10 dias livres quando nasce um filho) e endurecido a lei de Violência de Gênero (que estabelece penas severas para as agressões de gênero, que são demasiadas neste país).
A Lei de Igualdade refere-se à igualdade entre homens e mulheres em seus trabalhos - igualdade de salários, de oportunidades de ascenção e de promoção, de conciliação do trabalho da mulher com a vida familiar e de flexibilidade de horários. Com isso, o governo pretende que a Espanha passe da igualdade formal - que só existe nos papéis - à igualdade real.
Na atualidade, e na quase totalidade das empresas, os homens são melhor remunerados e ocupam postos de maior responsabilidade. Isso será corregido. Esta lei favorecerá o acesso das mulheres a postos de responsabilidade e evitará que elas tenham que abandonar o trabalho por conta da maternidade.
O Ministro do Trabalho, Jesús Caldera, afirma que a maternidade é um bem social e é o futuro do país, por isso a lei está orientada para as mulheres poderem compatibilizar a maternidade com o trabalho. Enfim!!! Nada mais de demissões por gravidez! A maternidade é um bem social! Bonito!
Outra coisa que gostei é que o ministro indaga: por que sendo as mulheres a metade da população não existe a mesma representação nas empresas e na política? Eu sempre me faço esta pergunta também.
Para ele, a Lei de Igualdade é um imperativo moral e não gera elementos negativos para as empresas. Esta não é a opinião dos empresários, que reagem contra o argumento do governo. Ignorando a reação, o ministro afirma que as empresas que executem políticas de igualdade terão preferência nos contratos com a Administração - copiando o modelo existente na Noruega.
Outro aspecto interessante desta lei é a determinação de que os acusados de acosso ou de discriminação terão que demonstrar sua inocência. Isto é, a pessoa acusada de acosso tem que justificar perante a lei que sua conduta correponde a critérios objetivos, justificados e proporcionais. Deste modo, é bem possível que diminuam ou a desapareçam as condutas exageradas e de exercícios de poder.
O governo espanhol parece empenhado em melhorar os direitos da mulher, exigindo uma representação equilibrada entre os dois sexos - nas empresas e nos lares - porque trechos destas últimas leis falam que o homem não tem que ajudar a mulher, mas compartilhar com ela as tarefas e responsabilidades do lar. Esta simples troca de verbo tem um grande significado cultural. Quando se afirma que o homem ajuda a mulher, a mensagem extraída é de que a responsabilidade é dela e que ele, por bonzinho, ajuda. Que compreensivo! Mas as leis mudam esta mensagem de forma bem clara: as responsabilidades são compartilhadas.
O ministro enfatiza que esta é uma lei que reconhece legalmente que sempre houve desigualdade e que a mulher, historicamente, sempre sofreu discriminação.
Por estas coisas, e por outras tantas, o governo de Zapatero vai ganhando mais apoio. Ele já começou diferente, quando chamou para vice-presidente uma mulher de fundamento - Maria Teresa Fernández de la Vega, que carinhosamente chamamos de Maritêre!
Desde a minha perspectiva de mulher, estrangeira, brasileira, acho que este governo está se esforçando para promover uma mudança cultural profunda e significativa na sociedade espanhola. E, neste sentido, os espanhóis deveriam acreditar e apostar mais no seu governo. Vejo críticas nos jornais e fico sem entender a ala conservadora deste país. Está claríssimo que o momento é de evolução social! Isso certamente vai repercutir e ter consequências em outros países e, assim, pouco a pouco, vamos todos evoluindo. O progresso nao está só nas tecnologias. O progresso está no avanço das idéias e das crenças da sociedade. Portanto, adelante España!
A Lei de Igualdade refere-se à igualdade entre homens e mulheres em seus trabalhos - igualdade de salários, de oportunidades de ascenção e de promoção, de conciliação do trabalho da mulher com a vida familiar e de flexibilidade de horários. Com isso, o governo pretende que a Espanha passe da igualdade formal - que só existe nos papéis - à igualdade real.
Na atualidade, e na quase totalidade das empresas, os homens são melhor remunerados e ocupam postos de maior responsabilidade. Isso será corregido. Esta lei favorecerá o acesso das mulheres a postos de responsabilidade e evitará que elas tenham que abandonar o trabalho por conta da maternidade.
O Ministro do Trabalho, Jesús Caldera, afirma que a maternidade é um bem social e é o futuro do país, por isso a lei está orientada para as mulheres poderem compatibilizar a maternidade com o trabalho. Enfim!!! Nada mais de demissões por gravidez! A maternidade é um bem social! Bonito!
Outra coisa que gostei é que o ministro indaga: por que sendo as mulheres a metade da população não existe a mesma representação nas empresas e na política? Eu sempre me faço esta pergunta também.
Para ele, a Lei de Igualdade é um imperativo moral e não gera elementos negativos para as empresas. Esta não é a opinião dos empresários, que reagem contra o argumento do governo. Ignorando a reação, o ministro afirma que as empresas que executem políticas de igualdade terão preferência nos contratos com a Administração - copiando o modelo existente na Noruega.
Outro aspecto interessante desta lei é a determinação de que os acusados de acosso ou de discriminação terão que demonstrar sua inocência. Isto é, a pessoa acusada de acosso tem que justificar perante a lei que sua conduta correponde a critérios objetivos, justificados e proporcionais. Deste modo, é bem possível que diminuam ou a desapareçam as condutas exageradas e de exercícios de poder.
O governo espanhol parece empenhado em melhorar os direitos da mulher, exigindo uma representação equilibrada entre os dois sexos - nas empresas e nos lares - porque trechos destas últimas leis falam que o homem não tem que ajudar a mulher, mas compartilhar com ela as tarefas e responsabilidades do lar. Esta simples troca de verbo tem um grande significado cultural. Quando se afirma que o homem ajuda a mulher, a mensagem extraída é de que a responsabilidade é dela e que ele, por bonzinho, ajuda. Que compreensivo! Mas as leis mudam esta mensagem de forma bem clara: as responsabilidades são compartilhadas.
O ministro enfatiza que esta é uma lei que reconhece legalmente que sempre houve desigualdade e que a mulher, historicamente, sempre sofreu discriminação.
Por estas coisas, e por outras tantas, o governo de Zapatero vai ganhando mais apoio. Ele já começou diferente, quando chamou para vice-presidente uma mulher de fundamento - Maria Teresa Fernández de la Vega, que carinhosamente chamamos de Maritêre!
Desde a minha perspectiva de mulher, estrangeira, brasileira, acho que este governo está se esforçando para promover uma mudança cultural profunda e significativa na sociedade espanhola. E, neste sentido, os espanhóis deveriam acreditar e apostar mais no seu governo. Vejo críticas nos jornais e fico sem entender a ala conservadora deste país. Está claríssimo que o momento é de evolução social! Isso certamente vai repercutir e ter consequências em outros países e, assim, pouco a pouco, vamos todos evoluindo. O progresso nao está só nas tecnologias. O progresso está no avanço das idéias e das crenças da sociedade. Portanto, adelante España!
Pensamento histórico equivocado?
No dia 24 de fevereiro, neste blog, escrevi sobre a Semana da Arte Moderna (1922). Afirmei que, dentro da história do Brasil, este era um dos momentos que eu mais gostava, por representar o final de uma arte presa ao rígido academicismo português e pela liberdade cultural conquistada - que permitia o surgimento da arte genuinamente brasileira.
Uma amiga minha, Clarice La-Rocca, que é uma criatura super inteligente e atualizada, escreveu para mim dizendo que eu podia estar equivocada no meu pensamento histórico. Segundo ela, Jorge Amado coloca que este movimento cultural foi encomendado pelo governo da época, como aconteceu no governo de Médici (ame-o ou deixe-o). Ela me aconselha a ler 'Cavaleiro da Esperança", biografia do Luis Carlos Prestes, onde a semana da Arte Moderna e a visao da consciência nacionalista sao desmascaradas.
Obrigada, Clarice! Vou seguir teu conselho.
Uma amiga minha, Clarice La-Rocca, que é uma criatura super inteligente e atualizada, escreveu para mim dizendo que eu podia estar equivocada no meu pensamento histórico. Segundo ela, Jorge Amado coloca que este movimento cultural foi encomendado pelo governo da época, como aconteceu no governo de Médici (ame-o ou deixe-o). Ela me aconselha a ler 'Cavaleiro da Esperança", biografia do Luis Carlos Prestes, onde a semana da Arte Moderna e a visao da consciência nacionalista sao desmascaradas.
Obrigada, Clarice! Vou seguir teu conselho.
Almodóvar
Na página oficial de Almodóvar, podemos ler a sinopsis do seu último filme, que estreará aqui na Espanha na próxima semana. O nome do filme é VOLVER. É um filme que conta com um elenco ótimo: Blanca Portillo (maravilhosa!), Carmen Maura, Penélope Cruz, Yohana Cobo (seu mais recente descobrimento) e Lola Dueñas.
É a história de três geraçoes de mulheres que sobrevivem ao vento, ao fogo, à loucura, à superstiçao e à morte, através da bondade, de mentiras e de uma grande vitalidade. Vivos e mortos convivem nesta história filmada em Castilla-La Mancha, terra de Almodóvar. Promete!
É a história de três geraçoes de mulheres que sobrevivem ao vento, ao fogo, à loucura, à superstiçao e à morte, através da bondade, de mentiras e de uma grande vitalidade. Vivos e mortos convivem nesta história filmada em Castilla-La Mancha, terra de Almodóvar. Promete!
sábado, março 04, 2006
Início de ano
Hoje, depois de ler os blogs habituais - leituras diárias -, dediquei um tempo para passear por blogs distintos, nunca antes navegados. Tive boas surpresas. Gosto muitíssimo desta criaçao textual e da forma como as pessoas se colocam!
Uma coisa me chamou a atençao: vários blogs falam que só agora o ano de 2006 está iniciando - depois das férias e do carnaval. Alguns blogs até contêm felicitaçoes de Ano Novo. Será que é assim mesmo que o povo sente ou é uma brincadeira generalizada?
Uma coisa me chamou a atençao: vários blogs falam que só agora o ano de 2006 está iniciando - depois das férias e do carnaval. Alguns blogs até contêm felicitaçoes de Ano Novo. Será que é assim mesmo que o povo sente ou é uma brincadeira generalizada?
Cama grande
Li hoje no blog Ella:
Eu quero uma cama king-size, seis traveseiros de plumas, roupa de cama de algodão e um edredom branco, dormir 10 horas seguidas...
Eu também!!!!!
Eu quero uma cama king-size, seis traveseiros de plumas, roupa de cama de algodão e um edredom branco, dormir 10 horas seguidas...
Eu também!!!!!
A dor e a alegria de elaborar uma tese
A concretização de uma tese doutoral representa anos de leituras, reflexões, anotações, elocubrações, buscas, encontros e desencontros. Vivemos momentos de otimismo e de desânimo, de disposição e de depressão, de certezas e de dúvidas. É um longo e duro processo. Na medida em que avançamos, vão surgindo as dificuldades típicas de cada etapa. A resolução gradativa destas dificuldades exige capacidade de decisão, de determinação, de adaptação, de síntese e de claridade de objetivos, entre outras coisas. E isso não é nada fácil! Mas, devagarinho, vamos derrubando os obstáculos.
O caminho é bastante solitário. Mesmo que tenhamos muitos companheiros de aula, cada um tem o seu tema e cada um busca coisas diferentes. É verdade que as conversações sobre as teses são inesgotáveis, e que aprendemos muito com elas, mas chega um momento em que ninguém mais pode ajudar na nossa investigação. É o momento do grande diálogo: investigador e texto. Na hora de colocar tudo no papel, da forma em que acreditamos e desejamos, a interação acontece só entre o investigador e o texto. É o momento da máxima concentração, onde 12 ou 14 horas podem passar tranquilamente, sem que sintamos o correr das horas. É uma delícia!
Talvez o momento mais difícil deste período todo seja começar a escrever e a reunir todas as informações obtidas. Neste momento, nossa escrita ainda não tem uma identidade. É um amontoado de coisas que necessitamos para a nossa aprendizagem. Aos poucos, vamos delimitando as fronteiras do estudo, descobrindo as fontes principais sobre o tema, entendendo o diálogo criativo que se estabelece entre os autores que se relacionam diretamente com a nossa investigação, compreendendo a dinâmica e a metodologia de outros estudos...e vamos aumentando o nosso conhecimento sobre o tema elegido! Isso aparece claramente na nossa escrita. A forma como começamos a redatar a tese não tem nada a ver com a forma como terminamos de redatá-la. A evolução das idéias e o crescimento pessoal são perceptíveis e vão aparecendo nas constantes reelaborações do texto.
Quando me refiro ao crescimento ou ao desenvolvimento pessoal, não estou me referindo apenas ao desenvolvimento cognitivo. Esta caminhada significa desenvolvimento interpessoal e intrapessoal também. Vamos ouvindo uma coisa aqui, outra ali, vamos processando tudo dentro de nós, e vamos tomando decisões cada vez mais maduras e conseqüentes com os objetivos estabelecidos. É um crescimento acadêmico e pessoal. É um vai-junto.
No meu caso, por estranhas razões vim parar em Bilbao e aqui vivi estes momentos acadêmicos e pessoais. Nesta cidade vivi todo o processo de início, meio e finalização da tese. Nunca me arrependi de ter feito a travessia do charco, embora o início tenha sido bastante duro. Ter mudado de continente, de costumes, de língua e de referências cotidianas me fez descobrir uma outra cultura admirável, que toca a minha essência - como eu não imaginava que isso pudesse acontecer! Todos estes novos conhecimentos, ampliados, vividos nesta banda da terra, integraram-se a minha brasilidade de sempre – visceral e espiritual. Isso gera em mim um sentimento de que sou uma pessoa privilegiada. Sou privilegiada porque pude viver um longo e importante processo de aprendizagem, em todos os âmbitos, quando um número bastante significativo de brasileiros não tem acesso aos estudos – por conta de políticas educativas surrealistas (leiam o interessante artigo do senador Cristóvao Buarque) e da situação econômica e social do povo brasileiro.
Toda esta conversa é para animar e incentivar a Cidinha, a Andrea, o Sean, a Sandra, a Anlene e todos os que estão neste caminho, vivendo suas experiências próprias. Tenham a certeza de que aprender é dor, suor e alegria, mas chegar ao final é só alegria! Alegria pura! Final da tese ou da meta proposta, naturalmente, porque a aprendizagem continua.
O caminho é bastante solitário. Mesmo que tenhamos muitos companheiros de aula, cada um tem o seu tema e cada um busca coisas diferentes. É verdade que as conversações sobre as teses são inesgotáveis, e que aprendemos muito com elas, mas chega um momento em que ninguém mais pode ajudar na nossa investigação. É o momento do grande diálogo: investigador e texto. Na hora de colocar tudo no papel, da forma em que acreditamos e desejamos, a interação acontece só entre o investigador e o texto. É o momento da máxima concentração, onde 12 ou 14 horas podem passar tranquilamente, sem que sintamos o correr das horas. É uma delícia!
Talvez o momento mais difícil deste período todo seja começar a escrever e a reunir todas as informações obtidas. Neste momento, nossa escrita ainda não tem uma identidade. É um amontoado de coisas que necessitamos para a nossa aprendizagem. Aos poucos, vamos delimitando as fronteiras do estudo, descobrindo as fontes principais sobre o tema, entendendo o diálogo criativo que se estabelece entre os autores que se relacionam diretamente com a nossa investigação, compreendendo a dinâmica e a metodologia de outros estudos...e vamos aumentando o nosso conhecimento sobre o tema elegido! Isso aparece claramente na nossa escrita. A forma como começamos a redatar a tese não tem nada a ver com a forma como terminamos de redatá-la. A evolução das idéias e o crescimento pessoal são perceptíveis e vão aparecendo nas constantes reelaborações do texto.
Quando me refiro ao crescimento ou ao desenvolvimento pessoal, não estou me referindo apenas ao desenvolvimento cognitivo. Esta caminhada significa desenvolvimento interpessoal e intrapessoal também. Vamos ouvindo uma coisa aqui, outra ali, vamos processando tudo dentro de nós, e vamos tomando decisões cada vez mais maduras e conseqüentes com os objetivos estabelecidos. É um crescimento acadêmico e pessoal. É um vai-junto.
No meu caso, por estranhas razões vim parar em Bilbao e aqui vivi estes momentos acadêmicos e pessoais. Nesta cidade vivi todo o processo de início, meio e finalização da tese. Nunca me arrependi de ter feito a travessia do charco, embora o início tenha sido bastante duro. Ter mudado de continente, de costumes, de língua e de referências cotidianas me fez descobrir uma outra cultura admirável, que toca a minha essência - como eu não imaginava que isso pudesse acontecer! Todos estes novos conhecimentos, ampliados, vividos nesta banda da terra, integraram-se a minha brasilidade de sempre – visceral e espiritual. Isso gera em mim um sentimento de que sou uma pessoa privilegiada. Sou privilegiada porque pude viver um longo e importante processo de aprendizagem, em todos os âmbitos, quando um número bastante significativo de brasileiros não tem acesso aos estudos – por conta de políticas educativas surrealistas (leiam o interessante artigo do senador Cristóvao Buarque) e da situação econômica e social do povo brasileiro.
Toda esta conversa é para animar e incentivar a Cidinha, a Andrea, o Sean, a Sandra, a Anlene e todos os que estão neste caminho, vivendo suas experiências próprias. Tenham a certeza de que aprender é dor, suor e alegria, mas chegar ao final é só alegria! Alegria pura! Final da tese ou da meta proposta, naturalmente, porque a aprendizagem continua.
quarta-feira, março 01, 2006
Lavras tem VG
O sul maravilha também tem bom carnaval!!! Eu fico falando no Recife e em Olinda, mas o sul é fera também - dizem os gaúchos! Neste momento do ano, principalmente, minha alma é de Pernambuco - mas nao vou anunciar muito para que meus conterrâneos nao se aborreçam comigo.
Soube que, em Lavras, no RS, tem um bloco super animado que se chama VG (Vai de Qualquer Geito), que é a atraçao da cidade. Nele, participam ativamente os habitantes da cidade e os ex-habitantes - os que já vivem suas vidas em outras cidades. Todos os que podem se reúnem nesta época para brincar o carnaval. É o (re)encontro do ano!
Soube que, em Lavras, no RS, tem um bloco super animado que se chama VG (Vai de Qualquer Geito), que é a atraçao da cidade. Nele, participam ativamente os habitantes da cidade e os ex-habitantes - os que já vivem suas vidas em outras cidades. Todos os que podem se reúnem nesta época para brincar o carnaval. É o (re)encontro do ano!
Uma participante ativa do VG é a Ana Lúcia (http://roccana2.blogspot.com) e (http://roccana.blogspot.com) , escritora e poetisa gaúcha, que se desloca de Pelotas para Lavrinha todos os anos.
Na foto, Ana Lúcia - que eu chamo de Anazen, porque ela é um ser zen - e sua filha, Kika. Muito lindas, gurias!
Bolsa de Estudo
Eu sempre digo que rola muito dinheiro para bolsas de estudos entre os europeus. Muito dinheiro mesmo! Neste sentido, a Comunidade Européia nao poupa esforços. Existem programas em que os estudantes estudam um ano em cada país, até terminar o curso superior. Com isso, eles vao aprendendo vários idiomas e conhecendo várias culturas.
Hoje, numa reuniao com o professor que orientou minha tese, fiquei sabendo que três universidades européias fizeram um convênio para um máster de dois anos - equivalente ao mestrado, mas com um enfoque mais prático - sobre Aprendizagem Permanente (Educaçao).
A novidade: a grana vem da Comunidade Européia, mas nao é para os comunitários. Isto é, a bolsa de estudos é para quem nao é europeu, desde que fale o inglês fluentemente. As universidades sao: na Dinamarca, The Danish University of Education; na Inglaterra, University of London; e na Espanha, Universidad de Deusto (mais precisamente, em Bilbao).
Este professor com quem conversei é um dos diretores deste convênio. Ele me dizia que a divulgaçao deste curso foi em nível mundial...e que nao se apresentou nenhum brasileiro! E a bolsa é gorda! A matrícula de 12 mil euros (putz!) será paga pelo convênio, além de 20 meses de 1600 euros.
O curso será nos três países - 6 meses em cada um e 6 meses para a preparaçao da dissertaçao, que pode ser feita em qualquer lugar. Fiquei perplexa! Ele, lamentando pelos brasileiros, me disse que os estudantes da India foram os que mais se apresentaram.
As informaçoes, para quem se interessar, estao em:
http://www.dpu.dk/site.asp?p=7107
O nome do projeto é European Masters in Lifelong Learning: Policy and Management.
Hoje, numa reuniao com o professor que orientou minha tese, fiquei sabendo que três universidades européias fizeram um convênio para um máster de dois anos - equivalente ao mestrado, mas com um enfoque mais prático - sobre Aprendizagem Permanente (Educaçao).
A novidade: a grana vem da Comunidade Européia, mas nao é para os comunitários. Isto é, a bolsa de estudos é para quem nao é europeu, desde que fale o inglês fluentemente. As universidades sao: na Dinamarca, The Danish University of Education; na Inglaterra, University of London; e na Espanha, Universidad de Deusto (mais precisamente, em Bilbao).
Este professor com quem conversei é um dos diretores deste convênio. Ele me dizia que a divulgaçao deste curso foi em nível mundial...e que nao se apresentou nenhum brasileiro! E a bolsa é gorda! A matrícula de 12 mil euros (putz!) será paga pelo convênio, além de 20 meses de 1600 euros.
O curso será nos três países - 6 meses em cada um e 6 meses para a preparaçao da dissertaçao, que pode ser feita em qualquer lugar. Fiquei perplexa! Ele, lamentando pelos brasileiros, me disse que os estudantes da India foram os que mais se apresentaram.
As informaçoes, para quem se interessar, estao em:
http://www.dpu.dk/site.asp?p=7107
O nome do projeto é European Masters in Lifelong Learning: Policy and Management.
A nova China
Os jornais comentam o despertar do gigante asiático: a China. Os chineses espalhados pelo mundo estao voltando às suas origens. Dizem que é o país do futuro. Também ouço isso em relaçao ao Brasil. Tomara que este futuro nao fique muito longe! Seria tao bom que o Brasil fosse o país do presente...ou que chegue logo este futuro tao prometido!
Shangai foi como Paris da Asia no século passado. Lembro de ver filmes onde apareciam a prostituiçao e a pobreza depois que Mao a tomou, em 1949 - momento em que os capitalistas fugiram e o comércio internacional parou. Tudo se transferiu para Hong Kong. Agora, estamos vendo o renascimento desta cidade que, segundo seus habitantes, vai superar Hong Kong como centro financeiro da China e, provavelmente, da Asia toda.
Nao há dúvida de que os chineses estao colocando bastante energia neste renascimento. A língua chinesa já virou moda no mundo ocidental. Muitos países incentivam o ensino e a aprendizagem desta língua, pois os negócios dependem do entendimento e da interpenetraçao das culturas. É a interculturalidade. Eu acho ótimo! Já tô doidinha para ver o mandarim se instalando. O interessante é que nao adianta falar inglês na China, porque eles nao conhecem bem este idioma e preferem seguir com o mandarim. Neste sentido, a supremacia do inglês pode ser/estar abalada.
Ainda nao sei bem se os símbolos seguintes significam amor ou amante: 愛人 ... mas já estou no caminho de dominar o mandarim!
Meu ídolo
Um dos meus ídolos, Paulinho da Viola, disse: Hoje, um desfile de domingo no Carnaval atende um milhão de interesses. Verdade!
Ame
(Paulinho da Viola e Elton Medeiros)
Ame
Seja como for
Sem medo de sofrer
Pintou desilusão
Não tenha medo não
O tempo poderá lhe dizer
Que tudo
Traz alguma dor
E o bem de revelar
Que tal felicidade
Sempre tão fugaz
A gente tem que conquistar
Por que se negar?
Com tanto querer?
Por que não se dar
Por quê?
Ame
(Paulinho da Viola e Elton Medeiros)
Ame
Seja como for
Sem medo de sofrer
Pintou desilusão
Não tenha medo não
O tempo poderá lhe dizer
Que tudo
Traz alguma dor
E o bem de revelar
Que tal felicidade
Sempre tão fugaz
A gente tem que conquistar
Por que se negar?
Com tanto querer?
Por que não se dar
Por quê?
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